Descoberta

Desde a virada do ano que eu estou à procura de um novo hobby para passar o tempo, conhecer gente nova e encontrar alguma alegria para evitar cair em depressão.

Não é fácil evitar depressão completamente durante o longo inverno da Dinamarca. Nesse último ano fiquei preocupada. Foi uma luta para tentar achar uma razão para viver e não deixar pensamentos suicidas tomarem forças. Essa é a verdade.

Chegaram e me aconselhar a ir ao pronto-socorro psiquiátrico. Eu achei que não estava tão mal assim, mas uns dias se passaram, e eu mesma cheguei a conclusão que era uma boa ideia procurar ajuda. Minha chefe até se prontificou a largar tudo aqui no trabalho e ir comigo à emergência psiquiátrica.

No final das contas não foi preciso. Consegui uma consulta de emergência com minha médica e estou agora na luta para sair do fundo do poço. Passo muito tempo lendo artigos de gente que conseguiu superar depressão sem apelar para medicamento.

O ruim de pedir ajuda e revelar para o mundo ao seu redor que você não está bem, é que todos ficam preocupados, pensando que você vai se matar.
Ficam o tempo todo me perguntando se estou bem. Isso cansa. Isso irrita. Isso deprime ainda mais.

E também não ajuda nada que quase todo dia, durante o inverno, a gente recebe notícia de alguém que se enforcou, que se jogou na frente do trem, que tirou a roupa toda e se afogou no mar. Ainda hoje uma colega de trabalho chegou aqui contando que o coleguinha de escola da filha dela se enforcou na garagem de casa semana passada.

Ontem, a médica queria saber se eu tinha conseguido encontrar algum psicólogo que trabalha com terapia metacognitiva. Tem pouco psicólogo na Dinamarca, e não foi fácil achar um que trabalhe com terapia metacognitiva. O tempo de espera para a primeira consulta é de 8 meses! Fiquei chocada. Então o médico recomendou procurar algo que me acalme a mente. Porque meditação, mindfulness, e tentar manter o pensamento positivo, nada disso está funcionando.

Então a médica sugeriu que eu lesse um livro de Frankl, um sobrevivente do holocausto. Já encomendei o livro, mas só de imaginar no tipo de problemas que ele deve ter passado, já começa a colocar os meus problemas em outra perspectiva.

Hoje, durante minha pausa do almoço, coloquei um tênis e fui fazer uma longa caminhada e fiz uma descoberta interessante. Acho que encontrei um novo hobby ou atividade para me animar: vou, sempre que o tempo permitir, explorar a cidade, lugares que não conheço. Jardins, parques, praias, bairros antigos e novos.

Quando eu viajo, eu sempre volto energizada, e acho que agora entendi o porquê. É o fato de explorar e conhecer lugares novos, ver gente diferente, ares diferentes. No entanto eu não preciso ir pra longe para fazer isso. Há tantos lugares em Copenhague e na Dinamarca que eu não conheço.

Na verdade, eu nunca conheci nenhuma das cidades onde morei. Curitiba, Guarulhos, São Paulo, Copenhague. Eu vivia trancafiada dentro de casa. Era casa-escola-casa ou casa-trabalho-casa. Eu tinha preguiça de sair ou não tinha companhia.

Acho que chegou a hora de fazer algo diferente.
Me desejem sorte nessa minha caminhada, porque eu estou precisando de uma motivação pra continuar a jornada.

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8 Responses to Descoberta

  1. Lendia pula? diz:

    Poxa vida, agora fiquei triste…
    Travel and Share (os vídeos dessa semana é no Egito), gosto muito desse casal.
    Ainda acho que vc deveria fazer vídeos, dando dicas de viagem, vídeo da cidade, etc.

  2. Gabriela Sakuno diz:

    Cris, desde 2012 (uau, 6 anos já) que eu acompanho seu blog, ele sempre esteve na minha “barra de favoritos” porque amo a leitura dos seus textos e experiências, pois como já lhe disse uma vez, você é uma referência de personalidade pra mim. Lembro como você sempre foi atenciosa comigo, e até me ajudou a melhorar meu currículo uma vez. Acho que você é um ser humano tão completo, que às vezes sente que não tem mais o que lutar ou fazer, pois você já tem tudo! E é durante os invernos, sem aquela vitamina D no corpo que sua cabeça faz você ver essa totalidade de forma negativa, e não positiva. Continue se exercitando (principal!), conhecendo pessoas e lugares, viaje quando puder… A vida é muito mais do que trabalho, não se deixe ser engolida por uma rotina onde tudo o que há é trabalho (sei o que é isso, afinal, trabalhei 2 anos no Japão). Não DESPERDICE sua juventude, sua beleza, sua inteligência, com pensamentos tão baixos, você tem um mundo maravilhoso, cheio de possibilidades te esperando lá fora. Luz!

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