Sufoco

Sabe aqueles hotéis em que a porta do quarto tranca sem precisar usar a chave, e se você fechar a porta e esquecer a chave dentro do quarto, lascou? Nesse caso é possível ir até a recepção, explicar o que aconteceu e problema resolvido.

Mas o que você faz quando a porta do seu apartamento tranca sem precisar usar a chave, são 13:49, suas visitas chegarão dentro de 11 minutos e você fica trancada para o lado de fora, segurando um pano de prato, e mais nada?

A princípio fiquei sem reação. Eu não esperava que a porta fosse trancar, pois eu só coloquei o pé para fora para ver se o portão principal estava aberto.

Mas como a porta da minha sacada estava escancarada para ventilar o apartamento, acho que foi uma jarrada de vento que fez com que minha porta fechasse me deixando numa situação bem complicada.

E agora? Terei que chamar um chaveiro de plantão e pagar uma fortuna? Vou ter que esperar minhas amigas chegarem para telefonar para o chaveiro? Pois meu celular está trancado dentro do apartamento.

Onde estão as cópias da minhas chaves?
Uma está no meu escritório, 20 km de distância, e eu sem documento, sem dinheiro, sem telefone. E minhas amigas para chegar a qualquer momento. Sem chances de ir buscar essa chave.

A outra chave está somente a 10 km de distância com Carsten, mas meu celular está trancado no apartamento e eu não sei de cor o número de telefone dele. Sem saber que número ligar, não dava nem para emprestar o celular de alguém e pedir para fazer uma ligação de emergência. Desvantagens da vida moderna, onde se usa celular para lembrar das coisas para você.
E eu também nem sabia se Carsten estava disponível num sábado de tarde para vir me socorrer.

Fui ao lado de fora do prédio para ver se eu conseguiria alcançar minha sacada usando a sacada da sala de festas que fica ao lado do meu apartamento. Infelizmente o vão era demasiado grande, e arriscar uma queda de 5 metros de altura não seria nada agradável.

Lindo, agora, além de estar trancada fora do apartamento, também estava trancada fora do prédio. Costuma ser um entra e sai nesse prédio, mas justamente nesse momento em que eu estou com pressa, não tem ninguém aqui. Aguardei vários minutos até que um morador apareceu e abriu o portão. Aproveitei para entrar junto.

De pé em frente a minha porta, tive uma ideia. Vou bater na porta da minha vizinha.

Nesses 16 meses que moro aqui, nunca a encontrei, nunca a cumprimentei. Mas eu a escuto, já que ela faz bastante barulho, e eu de vez em quando retribuo o barulho em horas “oportunas”. Enfim, uma guerra fria entre nós. Mas bati na porta dela, explicando que eu sou a vizinha e que estou nessa situação. Perguntei na maior cara de pau se eu poderia tentar pular da sacada dela para a minha (aproveitando que minha porta da sacada estava aberta!).

Ela foi bem simpática e disse que podíamos tentar, mas antes de me deixar entrar, me perguntou se eu não tinha uma cópia da chave em algum lugar (querendo dizer, com alguém que mora aqui no condominio). Expliquei que não tinha. Ela me deixou entrar e então iniciou-se a aventura de tentar voltar para casa antes das minhas visitas chegarem.

Eis que entro no apartamento da vizinha e vejo outras 6 pessoas. Ela estava com visitas! E eu incomodando!

Um dos visitantes fez uma inspeção e avaliação da distância entre as sacadas e fez uma sugestão muito boa: colocar um banquinho do meu lado da sacada para amortecer minha queda. Do lado de cá, usamos uma escadinha para subir ao parapeito. Eu subi a escada, o cidadão segurando minha mão, e eu pulei para o meu lado.

Que alívio!

Agradeci muito. Entreguei o banquinho de volta e fui ver que horas eram. 14:01!
Por sorte, minhas amigas tinham escrito que estavam 10 minutos atrasadas.

Deu tempo certinho de terminar de lavar a louça e passar uma tarde maravilhosa em excelente companhia.

Daqui pra frente, só colocarei os pés pra fora de casa carregando o molho de chaves!!

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3 Responses to Sufoco

  1. Seu Madruga diz:

    uau, que aventura, e eu aqui indo e vindo na rotina diária, ainda bem que já é sexta feira, uhhhh!!
    Boa sorte

    • Cristiane diz:

      Ué, ficar trancada fora do apartamento sem chave, documento, nem um tostão, fez parte da minha rotina. ☺️

      • Seu Madruga diz:

        kkkk, veja, esses dias estava visitando Tulum no México, Península de Iucatão, quando caiu um raio perto de casa e fiquei sem net pata navegar no google maps, hehehehe

        Rotina sem graça essa hein, hehehe
        Imagina quando chegar o frio, neve, geada, ficar trancado do lado de fora sem dimdim e sem casaco.

        Boa sorte, qualquer coisa estou aqui no blog

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