Eu gostava muito de assistir as corridas de Fórmula 1 na época do Ayrton Senna. Depois que ele morreu, eu nunca mais consegui assistir.
Em casa eu tenho o DVD do documentário Senna de 2010. Assisti somente uma vez, porque chorei muito relembrando a morte dele. E me lembro que, no final do documentário, fiquei impressionada ao descobrir que depois de tanta briga com o Alain Prost, no final das contas, depois que o Alain se aposentou, os dois ficaram amigos e foi o Alain quem tomou conta do Instituto Ayrton Senna após a morte de Senna.
A gente sempre aprende alguma coisa interessante assistindo esses documentários.
Dois dias atrás eu achei a série Senna no Netflix. Eu estava na dúvida se iria gostar de ver um ator retratando a vida do Senna. Mas confesso, a série foi muito bem feita. Acharam uns atores bem competentes e até parecidos físicamente com os personagens que estão retratando. São 6 episódios e em dois dias eu assisti os primeiros 5. Estou salvando o último episódio para hoje de tarde.
Morar no estrangeiro não é fácil. Muitas vezes dá uma saudade da comidinha lá de casa.
Ontem fui jantar na casa de uma brasileira. Duas horas e meia de viagem até lá, pois ela mora em Lomma na Suécia. Ontem ela serviu uma feijoada de tirar o chapéu. Talvez a melhor feijoada que ela já fez, e ela convida para feijoada todo ano.
Achar ingredientes para feijoada pros lados de cá é bem difícil. No mercado não vende feijão, nem paio, nem carne seca, nem costelinha, nem linguiça calabreça, nem nada. Por isso, pros lados de cá, servir uma feijoada para convidados é algo muito especial. A gente quer agradar os convidades e o convidado sabe que deu trabalho, e foi caro achar ingredientes, muitos importados de longe. E na feijoada ontem tinha todos esses ingredientes que mencionei.
Eu raramente faço feijão em casa. Acho que compro feijão uma a duas vezes por ano e acabo comendo tudo como se fosse uma sopa de feijão. Algumas vezes misturo farinha de mandioca (importada da África) para fazer um tutu, outras vezes coloco um macarrão tipo conchinha dentro. O tradicional arroz com feijão eu só como quando vou na casa de alguma brasileira ou quando vou ao Brasil. Não como em casa, porque o meu não fica bom. Pelo menos não com o feijão que se acha aqui. Quando eu trago feijão do Brasil, aí é outra história, mas eu vou tão raramente ao Brasil.
Ontem eu matei a saudade de comer feijoada (apesar de eu não gostar muito de feião preto – eu prefiro feijão carioquinha ou o marrom). Repeti duas vezes e depois fiquei com o estômago mega pesado. Mas valeu a pena.
Foi provavelmente a última feijoada do ano. Normalmente é assim. Toda vez que uma brasileira faz aniversário, ela convida para uma feijoada. Eu conheço várias brasileiras, então eu como feijoada várias vezes por ano.
Normalmente sou convidada para a feijoada na Sônia em Novembro, feijoada na Anne em dezembro. Quando a Simone era viva, ela fazia feijoada em fevereiro, e como ela era do samba e capoeira, a turma levava instrumentos e se fazia uma roda de samba no meio do apartamento. Era sempre muito animado.
Em março é aniversário da Lilian, mas ela raramente serve feijão. Ela gosta de servir moqueca de peixe e fica muito boa. Esse ano eu não pude ir no aniversário dela, pois eu estava em Budapeste com o pé quebrado. Enfim.
De vez em quando, quando a Teresa convida a gente na casa dela, ela também serve feijoada. A última vez foi ano passado. E esse ano, pela primeira vez na minha vida, eu comi feijoada no dia do meu aniversário. Lá em Nice, no restaurante brasileiro. Nossa, aquela feijoada com uma caipirinha sabor maracujá estava demais.
Falando em caipirinha, nessas feijoadas todas as meninas tentam fazer caipirinha, mas nem todas têm a manha de fazer uma boa caipirinha. Ontem eu tomei a caipirinha por educação. Acho que a Anne macerou a casca do limão e ficou um sabor amargo. Uma pena, porque eu vi uma garrafa de pinga Sagatiba na mesa. Essa veio importada na bagagem, porque na Europa só se acha cachaça da marca Pitu para comprar.
Eu raramente convido gente pra vir aqui em casa. Eu não gosto de cozinhar nem de limpar cozinha, então é raro eu me animar para convidar. Mas esse ano eu resolvi convidar Teresa e Sônia para vir aqui. Elas vieram domingo da semana passada. Eu pensei em fazer um ensopado de carne, mas aí lembrei que elas evitam carne vermelha. Uma semana antes do encontro eu estava no mercado e vi umas abóboras. Pensei que eu poderia fazer camarões na moranga. E foi o que eu fiz. Ficou ótimo, mas nunca mais. Preparar as abóboras dá o maior trabalho. Sem falar que a moranga furou no fundo e não deu para colocar o creme de camarões dentro.
E a minha caipirinha? Eu achei uns limões lindos e na estante tenho meia garrafa de caninha 51. Coloquei a Pirassununga na mesa junto com duas garrafas de licores que tenho. As meninas chegam e dizem: estou de carro e não posso beber. Eu até perdi o rebolado. Agora tenho 7 limões na geladeira. Talvez eu faça uma limonada com eles.
Agora pensando…eu ainda tenho um pacote de pão de queijo da yoki que trouxe do Brasil. Eu poderia uma hora convidar umas meninas para vir aqui tomar um suco e comer pão de queijo. Mas e vontade para limpar apartamento e convidar?
Não coloquei nenhuma foto das feijoadas nem no dia do camarão na moranga aqui em casa, porque não tenho nenhuma. A gente está muito preocupada em matar a saudade de falar português e comer comida gostosa, que a gente nem pensa em tirar foto desses eventos!
Estresse – Está tudo uma correria sem fim no trabalho, tudo dando errado com um dos sistemas, e nós, meros mortais, tendo que trabalhar dia e noite, até mesmo nos finais de semana. Estou sem um dia de descanso há 16 dias. Cheguei no meu limite. Mas eu não posso dizer que preciso de folga, quando todo mundo está se matando para tentar fazer o sistemar voltar a funcionar no tranco. Enfim. É a escravatura moderna.
Novembro – Finalmente chegou o frio. Hoje tinha gelo no chão quando saí de casa. No entanto não tinha vento. Fico me perguntando onde foi parar todo o vento que costuma passar por aqui nos meses de novembro. Muito estranho essa calmaria.
Geladeira – acho que finalmente esfriou o suficiente para tirar tudo da minha geladeira e colocar lá fora na sacada. Eu me recuso a pagar eletricidade de geladeira quando eu moro numa geladeira. Só estou preocupada com algo. Aquele rato que apareceu aqui na sacada uns anos atrás, eu o vi mês passado. Então colocar comida lá fora, mesmo que dentro de isopor ou bolsa térmica, não sei se é boa ideia.
Chilena – eu tenho dado uma limpada nas minhas coisas e sempre que acho algum ítem que não uso há muitos anos ou algo que não me interessa mais, estou doando ou enviando para reciclagem. Me livrei de uns livros de idiomas, de patins in-liners, umas bolas, e de um par de brincos. Uma mulher chilena que mora aqui perto do meu prédio veio buscar os brincos. Conversamos um pouco e dei meu telefone para ela. E não é que ela me convidou para tomar um chá e bolo no domingo? Fui lá e ficamos de papo por algumas horas. Muito legal fazer uma nova amizade.
Miss Universo – eu vi no noticiário local que foi uma dinamarquesa quem ganhou o concurso de miss universo esse ano. No dia seguinte me enviaram um print da mesma notícia, mas em português. Pelo visto também foi notícia no Brasil. Eu nem sabia que ainda existia esses concursos de miss. E quem é que assiste isso? Lembro que no canal do Silvio Santos passava o concurso de miss Brasil nos anos 80, mas depois pararam, não foi?
Cadeia – logo abaixo da notícia da miss universo, havia uma notícia que me preocupou. Alguém fez uma proposta para parar de separar homens e mulheres nas cadeias. Querem fechar uma cadeia de mulheres e colocá-las no mesmo prédio dos prisioneiros homens. Eles não conseguem ver o problema nisso. Você consegue? Me diz, como que vão colocar mulheres no mesmo prédio de homens que estupraram e mataram mulheres? Alguém me explica a lógica disso, porque eu não consigo entender.
Escape room – falando em cadeia, o meu grupo do trabalho foi fazer uma atividade de escape room dentro da penitenciária de Albertslund. Eu não sei se aquela cadeia foi desativada recentemente ou se somente partes dela foi desativada e transformaram os quartos dos prisioneiros em escape rooms. Demoramos 2 horas para decifrar todas as charadas e abrir todos os cadeados e portas. Foi uma atividade até que ok, mas achei mais difícil do que imaginava. Você já foi num escape room?
Agora me desculpe, vou voltar minha atenção para uma barra de chocolate, que amanhã vai me deixar com dor de barriga, mas não faz mal. Depois de tantos dias de estresse, estou precisando de algo para atiçar a dopamina.
Novembro na Dinamarca… Estou me perguntando onde está a ventania? Faz uma semana que não tem um ventinho.
Será que isso é a calmaria antes da tempestade?
O resto da Europa já está sofrendo com furacões e alagamentos. Faz tempo que o tempo não anda revolto para os lados de cá. Só quero ver.
E o povo falando que é pra gente ficar esperto que acham que a Russia vai se vingar da Dinamarca nesse inverno.
Ano passado teve gente que ficou sem aquecimento porque a Rússia fechou os gaseduto.
Bom, o governo da Dinamarca quer que a gente se prepare para o pior. Contei pra vocês que a polícia mandou uma carta pra todos os moradores daqui mandando a gente se preparar para passar 3 dias sem água, sem luz e sem comida? Mandaram abastecer a despensa com 3L de água por pessoa por dia, comida enlatada suficiente para 3 dias, estoque de remédio, ter uma quantia de dinheiro em casa para uma emergência, e quem tiver animais, não esquecer de estocar água e comida para eles também.
Essas não eram as recomendações antes da segunda guerra mundial?
Estão chegando ao fim as minhas aventuras planejadas para esse ano. Tenho somente uma viagem agendada e é para o fim de ano. Você sabe, eu tento fugir da Dinamarca todo natal e ano novo.
Era uma viagem só agendada, mas ontem foi um domingo muito chato, e eu acabei indo pra internet caçar alguma viagem curta de fim de semana para encaixar em dezembro.
Olhando a programação do festival de forró do Baião Vai em Lisboa, achei que estava muito boa. Acabei decidindo encaixar mais um festival de forró esse ano. Não vou ao Baião Vai desde 2018. Lembro que era tanta gente nesse festival, todo mundo amontoado, que não dava pra dançar nada. Não tinha espaço. Por causa disso que eu parei de ir, e ouvi boatos que outras pessoas fizeram o mesmo. Então estou curiosa para ver se consertaram isso. E se não der para dançar, eu assisto ao show e depois volto pro hotel. Sem estresse.
Eu programei essa viagem pensando que seria uma viagem curta de fim de semana, mas assim, “curta” entre aspas. Meu plano é esticar a viagem de quinta a terça, levar o computador e trabalhar do hotel. Assim não preciso gastar dias de férias para essa viagem. Só quero ver o que minha chefíssima vai dizer quando descobrir. Espero que nada, pois tem tanta gente que pode trabalhar de casa, mesmo que a casa deles seja lá do outro lado da Dinamarca. Qual a diferença entre trabalhar 600 km de distância e 3000 km de distância? Vou ver no que vai dar.
Comprei o ingresso para o festival, achei um hotel perto do evento e reservei um quarto, e comprei a passagem de volta para a Dinamarca. Está me faltando a passagem de ida. Agora há puoco eu estava prestes a clicar no botão “compre”, quando veio a informação de que o preço não era mais o mesmo e eles aumentaram o preço com 30% e pergutaram se eu aceito o novo preço. Pode isso? No meio da minha compra eles aumentam o preço? Não comprei! Desaforo isso.
Amanhã vou caçar outra companhia aérea e ver que vôo consigo encontrar.
Eu só descobri as alegrias de comemorar halloween depois de adulta. No Brasil não tinha dessas coisas nos anos 80 e 90.
Eu adoro as decorações de halloween e as maquiagens. Eu não sou boa de me maquiar, mas curto colocar uns brincos de caveira ou morcego e tal.
Na Dinamarca eles decoram os ônibus. Acho o maior barato.
E aquelas decorações assustadoras cheia de sangue? Sangue de mentirinha. Bom, deveria ser sangue de mentirinha, porém nesse halloween saiu sangue de verdade!
Estava no escritório da empresa, quando bateu uma fome. Quase todo mundo tinha ido embora e eu fui comer uma laranja na cozinha. Nas gavetas só achei faca pra cortar pão. Peguei uma delas e usei pra cortar a fruta. Faca boa danada, novinha, bem afiada.
Depois de usar pensei se a colocaria na lava-louças, mas fiquei com dó de fazer isso. É só por na máquina que as facas perdem o fio. E era uma faca muito boa.
Então lavei na mão com detergente e sequei.
Estava a caminho da gaveta pra guardar a faca, quando a máquina do café ao meu lado fez um barulhão que me assustou.
Com o susto a faca escapuliu da minha mão. Ao invés de deixar cair, no reflexo, eu peguei ela caindo. Meu dedo “pai de todos” foi direto na serra da faca.
(Os leitores do blog conhecem a nomenclatura dos dedos da mão, né? Mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo, e mata piolho.)
Ai gente, não se deve nunca pegar facas caindo. O resultado foi um halloween sangrento.
Esse dedo não queria parar de sangrar.
Quando achava que tinha estancado, e eu estava no meio da rua a caminho de casa, voltou a sangrar. Manchou tudo.
Hoje de manhã eu pude ver direito o estrago. Achei que tinha sido um corte só, mas dois dentes da serra me pegaram de jeito. Parece que levei uma mordida de vampiro no dedo. Logo pensei, isso é coisa do Bento Carneiro, o vampiro brasileiro!
Primeiro dia estava ensolarado e deu praia. A cor do mar em Nice é realmente linda, mas não tem areia naquela praia. Só pedras. É muito desconfortável.
Depois deu um forró no meio do chafariz.
Fernanda organizou uma festinha surpresa. Ela me convidou para comer num restaurante brasileiro, só eu e ela. Topei. Cheguei lá, a maior galera nos esperando. Foi muito bacana. Ainda colocaram umas velinhas num gateau ao chocolat. Fiquei até emocionada.
O dia inteirinho foi drama. Um dos casais na minha festinha surpresa se desintenderam e foi um bafafá. Não se falava de outra coisa nesse dia. Ainda bem que isso não ocorreu no dia do meu niver. Rsrsrs.
O dia começou com um suco e café num bar, um sushi pro almoço, dança no por do sol na beira do mar perto da placa do I Love Nice, e terminou com uma sopinha num restaurante chinês. A impressão que tive é que passei o dia todo sentada em restaurantes ouvindo o drama dos outros, mas confesso que foi muito mais animado do que viajar sozinha como eu costumo fazer!
Não me lembro se eu comentei que minha boa amiga Fernanda, que mora em Aarhus, do outro lado da Dinamarca, resolveu ir embora de volta para o Brasil depois de ter morado 21 anos na DK.
Eu a conheço desde 2016, quando ela veio para o festival do Forró Copenhague. Naquela época eu estava junto na organização do evento e eu e Fernanda trocamos vários emails, pois ela tinha algumas perguntas de como comprar o ingresso e tal.
Eu lembro de quando ela chegou na primeira festa. Sorrisão. Ela falou assim: você que é a Cris? Ficamos amigas imediatamente. E ela tem a maior energia e cara de alguém que está nos seus vinte e poucos anos de idade. Ela quase me matou de susto quando me disse que tem praticamente a minha idade. Não parece nem num pouco.
Nos damos muito bem, somos do mesmo signo, mas somos muito diferentes em vários aspectos. Conversamos sobre tudo e viajamos muito juntas para um bocado de festivais. Até pra festival de kizomba ela me levou.
No início de 2018 ela estava considerando ir embora da Dinamarca. Na época ela estava desempregada havia 2 anos, estava bem difícil achar emprego. Mas o que estava estressando era que o auxílio desemprego ia acabar em breve. Aí ficaria difícil sobreviver.
Lembro que eu fiquei tão triste quando ela me falou que ia embora em 2018. Aí viajamos juntas para Londres para o festival de forró lá. Seria nossa despedida.
Mas olha como coisas inesperadas acontecem nessa vida da gente. Durante o festival ela se encantou com um brazuca dez anos mais novo que ela. Eles acabaram virando namorados. Na volta daquela viagem, quando ela chegou no aeroporto, zuando, ela disse para o pessoal do aeroporto: ei, escuta aqui, vocês não têm um emprego pra mim aí?
Doida. Mas funcionou. Em menos de um mês ela foi oferecida dois empregos no aeroporto. Um no controle de segurança e outro fazendo check-in dos passageiros e controle do balanço dos aviões. Ela acabou aceitando a segunda opção, pois seria mais interessante. E foi.
De fato, foi tão interessante, que ela chegou a fazer o embarque da princesa Mary (que agora é a nossa rainha), e também do ator Johnny Depp, que veio fazer um show de rock na Dinamarca. Eu fui no show desse homem e o vi no palco, mas minha amiga fez todo o embarque dele e ficou de papo com ele por pelo menos uns 15 minutos até seu embarque. Eu lembro desse dia. Ela me telefonou e disse assim: adivinha quem eu vi no aeroporto hoje e fiz o embarque. Eu, que adoro esse tipo de adivinhação, pedi duas dicas e acertei na terceira tentativa! Eu tenho a foto que ela tirou com o Johnny, mas essa eu não posso publicar, ou minha amiga vai me matar. Ela sempre compartilha um monte de coisas na mídia, mas ela nunca compartilhou essa foto. Então imagino que seja um segredo que poucos sabem.
Em 2018, quando Fernanda acabou ficando na Dinamarca por causa do emprego novo e do novo namorado, eu fiquei aliviada. Achava que continuaríamos em contato. Ledo engano. Nos falamos muito pouco nos três anos que ela estava com aquele namorado. Nos vimos somente uma vez naqueles três anos, e foi só porque aquele namorado era DJ de forró, ele ia tocar num evento na cidade, e eles precisavam de um lugar para dormir em Copenhague. Ficaram lá em casa. E eu nem pude dar muita atenção, porque era período de provas e eu estava fazendo o meu mestrado. Foi aquele ano que eu tinha reprovado e tinha que refazer a prova.
Aquele emprego dela no aeroporto consumia todas as energias e nem pagava bem. Ela mal conseguia o suficiente para pagar as contas. E aqueles horários. Ela tinha que sair de madrugada para fazer embarque de passageiros 4 da manhã. Outras vezes trabalhava até tarde da noite, pra lá de meia noite, porque se um voo atrasa, tem que ficar lá esperando. Ela nunca tinha tempo para nada, e quando tinha, ela dava prioridade falar com o namorado. Claro. Isso eu entendo. E ele morava em Londres, então ela viajava pra lá sempre e nunca mais viajamos juntas.
Confesso, eu tinha ficado mega chateada de ter perdido o contato com ela. Cheguei a pensar que teria sido melhor se ela tivesse ido embora de vez. Tenho certeza de que se ela tivesse ido embora, a gente teria mantido mais contato.
Mas nada dura pra sempre. O namoro deles acabou três anos mais tarde de uma maneira até desrespeitosa. Foi no dia do aniversário dela. Não entendo como os caras conseguem ser tão desonestos e sem consideração. Minha amiga chorava o tempo todo. Eu fui a Aarhus duas vezes naquele mês ver se dava uma animada pra ela.
Demorou pra passar a tristesa. Mas tudo passa nessa vida.
A gente voltou a conversar e até a viajar juntas para forró. Se você vasculhar o blog, vai ver que fomos ano passado para Hamburgo juntas, depois Berlim. Esse ano fomos juntas pro forró na Itália, depois Berlim. Aí ela solta outra bomba.
Ela cansou da Dinamarca e estava pensando em ir embora. Dessa vez eu não fiquei triste. Dessa vez eu entendo os motivos de querer ir embora. Eu sei o quanto a gente se sente solitária nessa país, que é difícil fazer amizade, e o clima não ajuda. Então comecei a incentivar.
Minha amiga já deu aviso prévio para entregar o apartamento, para sair do trabalho, já mandou cancelar um monte de coisas, já começou a vender um monte de tralha, porque não vai poder levar tudo. E já comprou a passagem pra ir embora em meados de Novembro. Agora vai.
Para a nossa despedida, ela perguntou se eu queria ir para Nice, na França, para passar o meu aniversário lá. Teria um festival de forró na cidade.
Eu conheço Nice e conheço aquele festival. Adorei Nice e as cidadezinhas ali vizinhas quando fui em 2019, mas eu achava que já tinha visto tudo que a cidade tinha pra oferecer e não tinha motivo para voltar lá. E o forró em Nice em 2019 não foi bom pra mim. Quase ninguém queria dançar comigo. Fiquei muito encostada na parede. Então eu não sabia se valeria a pena ir pra Nice esse ano.
Acabei que aceitei e levei isso como uma oportunidade para me despedir da minha amiga. Compartilhamos hotel. Mas eu tinha zero expectativas para essa viagem.
Olha. Foi a melhor viagem desse ano. Me diverti demais, ri demais, fiz amizades. Encontrei gente que se lembra de ter dançado comigo em Praga em 2018, encontrei gente que eu não via desde antes da pandemia. Fernanda organizou uma festinha surpresa para mim num restaurante brasileiro. Apareceram 8 pessoas para comemorar conosco e ainda pagaram a minha conta, que foi bem cara. Eu gastei 40 euros. E o forró foi ótimo. Dancei muito. Mas muito. Tiramos um monte de fotos. Depois eu publico algumas.
Então foi uma ótima despedida.
Mas ficou faltando uma saideira, pelo visto. Um dia antes de ir embora de Nice, Fernanda diz que precisa de ajuda para terminar de tomar umas biritas que ela tem no armário em Aarhus. Ela convidou uns pinguços (e aparentemente a tia Cris está nessa lista) para ajudar a beber tudo durante o fim de semana. A idéia é tomar todas, fazer uma comidinha juntos, e empacotar umas coisas. No entanto, não necessariamente nessa ordem.
Eu descobri que adoro ver festival de luzes. Aqui em Copenhague começaram a fazer um anos antes da pandemia. E eram bem poucas luzes que eles colocavam na cidade. Mas foi crescendo e crescendo e a cada ano fica mais legal. O único inconveniente é que é no mês de fevereiro e esse é o mês mais frio do ano. Tem que vestir muita roupa para aguentar caminhar por horas nas ruas caçando luzes. Lembro que uma vez eu levei uma garrafa térmica com chá quente para aquecer um pouco o corpo durante a caminhada.
Isso aqui em Copenhague.
Lá em Berlim, eles fazem o festival de luzes há 20 anos. Sempre em outubro. Eu ouvi falar desse festival primeira vez em outubro de 2016. Eu estava na cidade por causa de um evento de forró e estava tendo o festival de luzes. Infelizmente eu não fui ver, porque eu estava paquerando um cara. Ao invés de acompanhar uma amiga (a Bárbara), eu dei o maior cano nela para ficar de papo furado com o alemão (que diga-se de passagem foi o cara que mais me fez sofrer). Naquela época eu não sabia que o festival de luzes lá é tão bonito.
Me arrependi e depois disso não consegui mais voltar em Berlim para ver o festival de luzes.
Mas desse ano não passou. Quando vi que estavam comemorando 20 anos de festival, eu comprei passagem de última hora e fui.
A maioria das luzes estavam num trecho de 5 km. Por sorte não estava chovendo. Eu caminhei da praça Potsdamer, passando em seguida pelo portão de Brandenburgo, subindo até a catedral e depois passando pelo bairro São Nicolau. Eu ia esticar até a Alexander Platz, que ficava só mais 500 metros pra frente, mas achei que não valeria a pena. Já eram quase onze da noite e ele iam desligar as luzes. O festival vai das 19 até 23 horas e bloqueiam um monte de ruas para deixar o povo passear a vontade.
Achei o festival muito variado. Tinha luzes estáticas, como a projeção de um tigre no prédio da Potsdamer Platz. Em outros prédios eles mudavam a projeção o tempo todo com cores diferentes, como na catedral. E em alguns prédios a projeção era um vídeo contando uma história. Assim foi no portão de Brandenburgo e num Hotel de Roma.
O do portão Brandenburgo estava fenomenal. Eu fiquei uns 15 minutos parada ali apreciando. Teve um povo gravou a apresentação toda e colocaram no YouTube. Meu favorito aparece no vídeo do minuto 7:37 até 9:40.
Minha nossa senhora, que minhas amigas, de vez em quando, me deixam doidinha.
Em agosto desse ano eu fui a Berlim participar do festival de forró do Miudinho. Eu esperava encontrar Bárbara lá, já que ela foi ao Miudinho do ano passado e pareceu que gostou muito, apesar dela ter dito em 2017 que ia parar de ir em festivais de forró. Eu não conversava com Bárbara desde 2018, porque fiquei muito chateada com umas coisas que aconteceram naquele ano e no ano anterior, e com o que ela falou pra mim nessas ocasiões. Cheguei a bloqueá-la no Face e Insta, mas ela me achou no LinkedIn e me escreveu por lá. Achei interessante a sua persistência.
Os anos se passaram, veio covid, e só voltei a Berlim no ano passado. Fui somente para o Miudinho. Ao ver Bárbara lá, minha intensão era ser cordial, cumprimentá-la e nada mais. Mas para minha surpresa, ela tirou da bolsa dois ou três livros sobre o Japão e isso me intrigou. Ano passado eu estava com passagem marcada para o Japão e eu queria saber que lugares ela tinha visitado e o que tinha achado em geral.
Acabei que concordei encontrá-la no apartamento dela depois do festival e de lá fomos num restaurante japonês. Eu tenho uma tendência de guardar rancor, mas me superei. Conversamos muito bem nesse dia, e ela contou sobre a viagem para Osaka e Kyoto.
Isso foi ano passado.
Esse ano, em agosto, eu achava que encontraria Bárbara no Miudinho novamente, e que poderíamos nos encontrar para conversar sobre a minha viagem ao Japão e comparar experiências. Mas ela não apareceu no festival.
Escrevi para ela, e ela me pediu para falar com o organizador do festival e ver se dava para ela comprar entrada para o último dia somente (era um festival de 3 dias). Tive que falar com umas três pessoas e no final das contas, o organizador aceitou meu pedido. Isso foi no sábado. No domingo, que era o último dia do festival, o organizador olha pra mim e me pergunta: cadê a Bárbara? Estou esperando ela aparecer para liberar a entrada dela, disse ele.
Depois de todo o meu empenho para conseguir entrada para um dia só, ela não apareceu e não deu satisfação ou uma desculpa!?
Fiquei mordida, mas deixei passar. Escrevi para ela e marcamos de nos encontrar no dia seguinte. Ela tinha uma viagem de negócios de manhã mas ia me escrever de tarde.
Eu fui pro parque. Estava um calor doido em Berlim e eu fui me deitar debaixo de umas árvores. Bárbara demorou para escrever e combinar direitinho nosso encontro. Acabou que não deu certo, pois eu tinha que ir para o aeroporto. Mas foi de boas e eu disse que a gente podia se ver em outubro, que eu tinha planos de voltar a Berlim.
Desde 2016 que eu tenho vontade de ver o festival de luzes em Berlim, mas nunca deu certo. Decidi que desse ano não passava e de última hora comprei minha passagem. Uma semana antes da viagem escrevi para Bárbara perguntando, e aí moça, vem ver o festival comigo no sábado que vem?
Ela me explicou que na quinta seria feriado na Alemanha toda e ela tinha planos de viajar com o marido. Que não podia me encontrar no sábado mas que podíamos comer algo juntas no domingo de tarde. Combinado então.
E não é que no sábado de manhã, assim que eu cheguei em Berlim, ela me manda um monte de mensagens dizendo que está com vontade de tomar um coquetel, e perguntando se eu quero encontrá-la umas 9 da noite perto do apartamento dela.
Fiquei confusa. O festival ia das 19h até 23h e eram 5 km de percurso. Bárbara conhece bem o festival e sabe que leva horas até ver tudo. E no fim das contase eu fui até Berlim só para ver esse bendito festival. Se eu fosse até o bairro dela 9 da noite, eu perderia de ver mais da metade das luzes. E ela me bombardeava com mensagens com sugestões de bares e restaurantes e a localização deles no Google Maps.
Para dar um basta nessa doideira tive que ser honesta e lembrá-la de que ela tinha me dito que não estava disponível no sábado e por isso eu já tinha feito outros planos. Mantivemos então nossos planos de encontro no dia seguinte no restaurante japonês.
No domingo, antes de fazer o check out do hotel, eu tentei achar o endereço do restaurante. Como ela mandou muita mensagem com endereço de restautante, eu fiquei confusa, mas finalmente achei o endereço de um restaurante japonês no meio daquelas mensagens. Fui caminhando até lá, pois eram somente 6 km de distância, passando pelo parque. Fui devagar. Íamos nos encontrar somente 3 da tarde e eu saí do hotel meio dia. Eu tinha tempo de sobra e o dia estava nublado mas sem chuva. Bom para caminhar.
13:15 mais ou menos, eu comecei a enrolar, porque já estava faltando pouco para chegar no restaurante. Cogitei se deveria fazer um passeio de barco. Acho que já fui a Berlim umas 12 vezes, mas nunca fiz um passeio de barco. O passeio é de 60 minutos e eu achava que daria tempo bem certinho. Fui comprar o ingresso mas vi que o próximo barco só saía às 14h. Que pena. Nesse horário não dava certo nos meus planos.
Continuei caminhando e por acaso dei de cara com a Charité, que é um hospital e centro de pesquisas. Eu achava que a Charité era um prédio alto branco, mas descobri eles têm um campus inteiro, com prédios históricos e lindos. E um museu! Eu estava prestes a pagar 5 euros para entrar no museu, quando Bárbara escreve dizendo que ela tinha me enviado tantos endereços no dia anterior, que achava melhor me mandar novamente o endereço do lugar onde íamos nos encontrar daqui a pouco.
Fiquei chocada ao ver que o endereço ficava do outro lado da cidade, e Google dizia que de transporte público me levaria 50 minutos para chegar lá. Já eram 13:50.
Abandonei a ideia de entrar no museu da Charité (vai ficar pra próxima, porque me pareceu ser um museu bem interessante) e fui direto para a estação central, onde me bati para comprar o bilhete de trem. Comprar passagem naquela estação é sempre uma confusão.
Para piorar a situação, desci na estação errada, e tive que tomar mais um trem. Depois, na estação certa, eu tinha 2 opções. Ou caminhava 22 minutos ou tomava um ônibus. Com as pernas cansadas, resolvi esperar o ônibus, que chegou atrasado.
Eu cheguei no restaurante 15 horas em ponto, para descobrir que Bárbara não tinha feito reserva de mesa e eles estavam com todas as mesas reservadas. Acho que levantei uma sobrancelha quando ouvi aquilo. Tinha uma mesa vaga que estava reservada para 15:30. Nos deixaram sentar ali. Porém 15:25 as pessoas da mesa chegaram e nos mandaram sair dali. Eu não tinha ainda nem tomado metade do meu chá!
Sobremesas japonesas e Charité
Enfim, Bárbara é meio confusa e me deixa doidinha com essas situações.
De lá fomos caçar street art, mas no meio do caminho, depois da tia Cris ter tomado meio litro de chá, tive que fazer uma parada de emergência para um xixi num restaurante italiano. Acabamos que ficamos no restaurante por uma hora batendo papo. Nos atendeu um garçom muito doido que só falava italiano. Acabei comendo um nhoque bem gostoso e de lá fui para o meu hotel na frente do aeroporto.
Domingo de manhã, desci para tomar café da manhã umas 9:15. Eu tinha que fazer o check out do hotel até meio dia e meu plano era tomar café até umas dez, depois tomar um banho de banheira, fazer a mochila e zarpar. Naquela tarde eu tinha combinado de encontrar uma amiga que mora em Berlim no bairro Mitte. Ela queria comer num restaurante japonês.
O hotel estava lotado e acho que todo mundo resolveu ir tomar café no mesmo horário. É um hotel grande, com mesas em dois salões. Eu dei duas voltas e não consegui achar um lugar pra mim. Então numa mesa alta perto do buffet tinha uma senhora alemã sozinha e eu pertuntei se poderia sentar com ela. Ela disse que sim.
Achei que seria como os dinamarqueses, que não conversam com ninguém, mas não foi assim. Ela puxou papo e acabamos que conversamos sobre um monte de coisas. Ela contou que veio para Copenhague no verão e a sua bicicleta foi roubada na frente do museu de arte moderna. Contou que foi para Berlim porque para eles é o feriado da unificação da Alemanha e ela aproveitou para tirar a semana de folga e visitar vários museus. Disse que vem de uma vila perto de Stuttgart, e eu contei que estive em Stuttgart visitando o museu da Mercedes Benz em 2004. Aí ela me contou que quando ela era pequena, o pai dela trabalhava pra Mercedes, e que eles podiam trocar de carro a cada dois anos através da empresa. Disse que o pai dela ficava doidinho com as crianças dentro do carro, porque o carro não podia ter um arranhão nem por dentro nem por fora na hora de trocar . Ela contou um monte de coisas interessantes. Aí eu disse que fui para Berlim para ver o festival de luzes. Eles comemoram 20 anos do festival e eu achava que seria especial.
Conversamos tanto, que chegou uma hora eu me toquei que não tinha perguntado o nome dela. Mas qual seu nome?
Cristiane.
Eu fiquei confusa e sem reação ao ouvir o meu nome. Meu cérebro estava tendando entender. Ela de certo achou que eu não tinha entendido e disse a frase toda: “O meu nome é Cristiane”.
E eu falei: “O meu nome é Cristiane”.
Você se chama Cristiane também? ela perguntou. Sim! Mas eu não tinha nem um documento comigo. Abri no celular o email da confirmação do hotel, dizendo Bem-vinda Cristiane.
Acabamos trocando número de telefone e umas mensagens de Whatsapp. Quem sabe manteremos contato.
Eu nunca antes tinha encontrado uma gringa com nome Cristiane. Na verdade, o nome dela tem H. Christiane. Mesmo assim. É muita coincidência. Tanta gente naquele salão e eu vou parar bem ao lado da minha xará.
Nisso, eu me toco que ficamos conversando tanto, que já eram 11 da manhã. Eu tinha que deixar o quarto meio dia! E eu que achava que teria tempo para um banho demorado de banheira. Que nada. Foi banho de gato. Fiz minha mochila correndo e fui para o parque Tiergarten que ficava no caminho para o restaurante japonês.
Bom, eu achava que o Tiergarten ficava no caminho e que eu estava caminhando para o lugar certo, mas 60 minutos antes do encontro descobri que eu caminhei 6 km na direção oposta do restaurante. Mas essa história eu conto outra hora.
Ontem, segunda-feira, achei que ia passar o dia no trabalho como um zumbi. Acordei três e meia da manhã. Em Berlim.
Meu avião de Berlim para Copenhague sairia 6 da manhã e eu dormi num hotel a 15 metros do aeroporto. Muito conveniente. Mas eu não dormi bem. Me deitei umas nove da noite e eu acordava de uma em uma hora e checava o relógio. Acho que eu estava preocupada em perder o horário. Então não descansei nada.
Eu só precisava estar no aeroporto umas 4:45, então enchi a banheira e fiquei de molho por uns vinte minutos.
No aeroporto sempre tem que passar o controle de segurança. Muitas vezes é tranquilo, mas tem dias que eles encrencam com a gente. Me chamaram de lado, apalparam minha bota, me mandaram levar o pé para mostrar a sola do sapato. A mulher não entendia que o meu tornozelo não me deixava fazer aquele movimento e eu tinha que me apoiar no equipamento dela. Enfim. Mas até que foi de boas.
O avião saiu no horário e chegou em Copenhague em hora de pico. Tomei um trem mega lotado até o escritório, que agora é um container no meio do estacionamento! Tanto prédio bonito ali, e mudaram a gente duas semanas atrás para um prédio feito de container. O bom é que fica no estacinamento e eu economizo 5 minutos de caminhada até a estação. Perfeito. Especialmente ontem, já que eu estava carregando uma mochila pesada.
Eu reclamo que os meus colegas não falam comigo, mas ontem não me deixaram trabalhar. Era colega me ligando no celular para saber se eu quero participar de uma reunião, era gente vindo na minha mesa de meia em meia hora para perguntar não sei o que, era gente perguntando se eu podia mostrar como fazer isso e aquilo. Nunca fui tão requisitada antes. E eu gosto muito quando posso ajudar de alguma forma. Então eu acho que isso me deu energia ontem e não me deixou sentir cansada.
Estava até de bom humor quando saí do trabalho, que nada estava me incomodando. Nem mesmo o fato de ter começado a chover assim que eu deixei o prédio, ou de que investi nuns tampões de ouvido novos lá em Berlim, e quando cheguei em casa, percebi que não eram bons o suficiente para bloquear o barulho dos meus vizinhos. Ainda bem que eu ainda tinha uns tampões antigos na gaveta.
Dormi bem. Dormi tão bem que sonhei um sonho longo que mais parecia um filme. Engraçado é que sonhei com a minha antiga chefe. Aquela chefe que eu adorava. E junto com a minha chefe, na mesma casa, estava a minha antiga professora de piano. Não faz sentido nenhum esse sonho, já que essas duas pessoas são de lugares e períodos diferentes da minha vida. A única coisa que elas têm em comum, é o fato de eu adorar elas.
E no sonho eu estava apresentando um vídeo num evento na casa da minha antiga chefe. Todo mundo antes de mim apresentou uns vídeos curtos de um minutinho, mas o meu tinha mais de 5 minutos! E a gente lá assistindo o vídeo, e eu me sentindo toda envergonhada, porque aparentemente eu não tinha assistido ao vídeo antes (apesar de ter sido eu que tinha gravado as imagens), e não tinha editado, então estava mostrando um monte de coisa nada a ver, e o vídeo parou antes de chegar na parte mais importante, que seriam imagens de uma graduação ou uma festa.
Olha que sonho mais maluco esse! Como que eu gravo um vídeo e não sei quais imagens estão nele? Sonho de doido.
Em dezembro eu falei que ganhei num bingo de música durante a festinha de natal da empresa. Eu ganhei o segundo prêmio. Naquele dia, eu não queria sentar junto com meus colegas, já que eles me ignoram. Quando vi a Joyce (uma antiga colega de outra empresa) na mesa do lado, fui me sentar com ela e com o grupo dela. Ela estava sentada a minha esquerda.
Ontem teve uma atividade com o departamento todo. Quando cheguei de manhã, vi que tínhamos que sentar 4 pessoas em cada mesa. Eu fui uma das primeiras a chegar. Os meus colegas me ignoram num ponto, que ninguém vinha sentar na minha mesa. De repente escuto Joyce dizendo: vou sentar aqui com você. Ela se sentou a minha esquerda e em seguida colegas do grupo dela vieram também.
Antes do jantar, resolveram fazer um bingo de música. Dessa vez eram somente músicas dinamarquesas. Eu não conheço nenhuma e pra falar a verdade, não gosto das músicas dinamarquesas, então os 50 minutos dessa atividade foram um martírio. O que ajudou o tempo a passar é que eles jogavam chocolatinho nas mesas. Acho que comi uns 6.
No meio do bingo recebi uma mensagem de uma amiga brasileira dizendo que precisava falar comigo urgentemente. Fui lá fora no corredor fazer uma chamada telefônica para saber o que aconteceu. Nesse meio tempo Joyce ficou cruzando a cartela de bingo dela e a minha. Eu nem pedi isso. Eu não estava nem aí pra esse bingo chato que dava vontade de cortar os pulsos. Ela fez por cortesia.
De repente deu bingo. Alguém tinha conseguido cruzar uma linha inteira. Daí disseram que ia continuar até que alguém conseguisse preencher a cartela toda. E não é que foi a Joyce a grande vencedora?! Essa combinação de Cris e Joyce sentadas juntas, está funcionando bem. Eu, em dezembro, ganhei duas entradas para o cinema. Joyce ontem ganhou uma caixa de chocolates.
Se eu continuar trabalhando nesse departamento, veremos se conseguiremos repetir a façanha de ganhar no bingo!