Quando se viaja sozinha, a melhor parte são as interações com as pessoas.
As boas interações, claro.
Engraçado como as vezes as pessoas aparecem do nada no momento quando a gente mais precisa.
Ontem eu fui vizitar a Gruta Azul na ilha de Capri. Depois de cozinhar por uma hora debaixo de sol escaldante na fila, para ficar meia hora no barco esperando a vez de entrar e passar somente 5 minutos lá dentro, eu resolvi caminhar os 5 km da gruta até o farol.

Eu estava meio preocupada que não tinha absolutamente ninguém naquela trilha. Cheguei a cruzar caminho com um animal selvagem que passou a dois metros de mim, bem rápido e parecia uma raposa despenteada.
A primeira metade da trilha passou por várias ruínas de fortes ou pequenos castelos. Parei num que estava num rochedo e justamente ali estava um casal de italianos.
La embaixo vi gente nadando na água verdinha e com surpresa perguntei em voz alta como aquele povo chegou lá embaixo do rochedo. O casal me escutou e me indicaram o caminho.

Lá embaixo, fiquei com vontade de entrar na água, o que é coisa rara pra mim. Mas assim que um dos carinhas que estava nadando me viu, ele veio puxar papo. Esses italianos forçam muito a barra quando querem paquerar. Eu não me senti bem.
A primeira coisa que ele perguntou foi se eu estava sozinha. Eu disse que sim, mas vendo a cara dele, rapidamente eu disse que meu grupo estava em cima do morro.
Ele disse que poderia me fazer companhia enquanto eu nadava e que me emprestaria seus óculos de nadar.
Não me senti confortável de entrar na água ali onde só tinha aquele cara. Ele era um guri novo, de uns vinte e poucos anos, bonitinho até. Mas não. Minha segurança em primeiro lugar.
Sem dizer nada, dei as costas e estava subindo as rochas meio desolada quando vejo 3 mulheres descendo e pergunto se elas vão nadar ali. Sim!
Laura, Laura e Paula. Três mosqueteiras! Elas me salvaram. Uma de Milão, uma de Parma e outra de Bolonha. Tinham se conhecido num evento de Yoga e estavam viajando juntas. Super simpáticas, batemos um bom papo.
Nadamos por uma meia horinha. O italianozinho veio bater papo. Percebo que ele perguntou para elas se estávamos juntas e elas me deduraram, dizendo que tínhamos acabado de nos encontrar! Fala sério! Amigos homens mentem até a morte para te defender, enquanto amigas mulheres te jogam na fogueira?
Depois da aventura de nadar ali, elas me convidaram para caminhar com elas até o farol e eu topei na hora. Porém, vi que ela estavam indo na direção oposta que eu estava seguindo. Elas estavam naquela trilha que tinha esses castelinhos, mas a partir daquele ponto, eu ia seguir a trilha prateada (sentiero d’argento) que é uma trilha mais hardcore no meio do rochedo olhando o mar.

Fiquei muito na dúvida se eu deveria dar prioridade para amizade e companhia ao invés de aventura, mas meu coração me disse que o dia era para aventura!
