Acompanhamento

Dez dias se passaram pós cirurgia. Helle me mandou uma foto dos pontos no cocoruco. Nos filmes e seriados a gente sempre vê que quem fez cirurgia no cérebro têm o cabelo todo raspado e eles enfaixam a cabeça toda. Assim não foi com Helle. O cabelo está quase todo lá, só rasparam um zigue-zague no meio onde fizeram o corte. Muito estranho.

Ela ainda não consegue sentir nem movimentar a perna esquerda. Fico pensando se minha amiga vai ficar o resto da vida numa cadeira de rodas. Logo ela que adora fazer longas caminhadas com sua cachorrinha e ir pra academia e exercitar por horas.

Eu tento falar de coisas que não estão diretamente ligadas à doença e perguntei se a estavam tratando bem no hospital e se a comida era boa. Enquanto ela estava no Rigshospital, desse que sim, porém semana passada ela foi transferida para um hospital na cidade de Roskilde e lá não é nada bom.

As enfermeiras brigam umas com as outras na frente dos pacientes, tratam os estudandes de enfermagem mal, e desprezam os pacientes.

Helle não consegue se levantar por causa da perna. Quando ela chama para ir ao banheiro, leva mais de meia hora até uma enfermeira aparecer. Helle precisa de um fisioterapeuta e até agora nenhum veio fazer consulta. Descaso total. Tem uma enfermeira que vem da Albânia, essa trata Helle bem, e Helle comentou que parece que o clima entre as enfermeiras não parece bom. A resposta foi: Tem enfermeira aqui que mais parece guarda de penitenciária.

Ontem no telefone Helle comentou de umas complicações. Eu não entendi tudo, pois é um vocabulário em dinamarquês que eu não conheço, mas entendi que talvez ela precisará de nova cirurgia. Helle falou com muito pesar que ela acha que não vai sobreviver.

Que aperto que me deu no coração.

Quando ela estava no Rigshospital, eu queria ir visitá-la, mas ela tinha dito antes da cirurgia que não queria visitas. Eu respeitei e não fui.

Porém descobri que alguns colegas antigos foram visitá-la. Puxa vida. Se eu soubesse, também teria ido. Agora que ela está em Roskilde, fica mais difícil. São duas horas pra ir e duas pra voltar.

Pelo que entendi, nessa semana ela será transferida para um centro de reabilitação. Parece que ela pediu para ir num que fica perto da casa dela – assim dará para ela ver a Molly, a cachorrinha mais adorável da Dinamarca 🙂 – mas não dá para saber com certeza. Helle pode parar em qualquer parte da Dinamarca onde tem vaga.

Eu estou na torcida para que dê tudo certo e vou tentar achar alguém que possa me dar uma carona até Roskilde.

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