Este ano o Eurovision foi em Malmö, na Suécia.
Eurovision é uma competição de canto entre os países europeus. Antes de mudar para a Dinamarca eu nunca tinha ouvido falar disso e apesar de estar aqui há décadas, eu nunca assisti um Eurovision. Na Dinamarca eles nem chamam o troço de Eurovision, chamam de Grandprix de melodia.
Acho que o evento dura uma semana mas olha a falta de sorte esse ano. Vieram centenas de turistas para assistir ao evento. Os hotéis em Malmö estavam esgotados, e por isso muitos resolveram pegar hotel em Copenhague. Aí ficava fácil. Era só pegar o trem até Malmö e em 20 minutos estava lá.
No entanto, nessa semana, ouve duas tentativas de suicídio. Pessoas que se jogam na frente do trem. Por causa desses suicídios, os trens entre Copenhague e Malmö ficaram parados durante 3 a 4 horas na segunda e na quarta.
Deve ter sido frustrante para aqueles que precisavam de ir e voltar de trem entre os dois países.
Ontem, sábado 11 de maio, foi o dia que fui visitar minha amiga de Malmö e de lá fomos até Torekov.
Quando entrei no trem em Copenhague, eu não fazia ideia de que a final da Eurovision era ontem. Fiquei bastante confusa quando vi um mundo de gente dentro daquele trem. Gente usando umas roupas brilhantes, com lantejoula. Gente com a bandeira do seu país pintada na bochecha. Acho que eguei o trem na pior hora possível.
Havia muita polícia por todo o lado na estação de trem quando cheguei. E o povo ia chegando e fazendo fila na rua. A Arena onde acontece o Eurovision era do outro lado da rua. Ali do lado também fica o shopping Emporia onde encontrei minha amiga para comprar o bendito vinho da história anterior.
Na hora de ir embora, Lena ia me deixar na frente da estação. De repente fiquei com medo de que a Eurovision terminaria naquele momento e uma multidão teria que pegar trem junto comigo.
Isso não aconteceu, no entanto, bem em frente à estação havia uma manifestação. Acho que era contra a participação de Israel no evento. Tinha muita gente gritando, segurando bandeiras, e nenhum deles parecia ser sueco. Eram todos imigrantes de países onde o povo é encrenqueiro. Então você imagina a quantidade de polícia circulando eles.
Os manifestantes estavam bloqueando o caminho para chegar na estação. Acho que isso não era de propósito. Acho que é porque a Arena fica ali do outro lado da rua e eles estavam tentando fazer barulho para atrapalhar o evento.
Já eram quase meia-noite e eu queria chegar na estação para ir pra casa. Eu ainda tinha 2 horas de viagem até chegar no meu cafofo e eu estava um bagaço de cansada.
Como tinha muita, mas muita polícia, perguntei para um policial sueco, louro, alto e lindo, se ele achava que seria seguro eu atravessar a manifestação para chegar à estação do outro lado. Ele disse que os trens estavam funcionando normal, mas que a polícia tinha fechado a estação. Disse que eu teria que ir até a estação central para pegar meu trem.
Gente, a estação central fica 5 km de distância e eu ainda não consigo andar muito. O meu tornozelo ainda não melhorou e eu continuo mancando, com dor e pé inchado.
Eu não ia conseguir caminhar aquela distância. Eu não conheço nada dos ônibus naquela cidade e com as ruas bloqueadas por causa da manifestação, eu nem sabia se tinha ônibus ali perto. O jeito foi pegar um táxi e gastar a maior grana. Táxi era o que não faltava, pois eu acho que eles tavam só aguardando o Eurovision acabar.
Olha, eu vou dizer, algumas vezes eu odeio taxistas. O meu motorista era um desses imigrantes de países encrenqueiros. Eu não confio nada neles, pois 20 anos atrás comprei uma bicicleta de um desses caras. O anúncio dizia que a bicicleta não tinha nenhum defeito. Viajei 60 minutos para ir comprar a bicicleta e quando chego lá, ele me fala que o freio não funciona. Fiquei com raiva. E fiquei ainda com mais raiva que eu acabei comprando a bicicleta assim mesmo eu nem pedi desconto no preço. E um detalhe mais nessa história… eu morava lá no centro de Copenhague naquela época, e esse vendedor desonesto de bicicleta morava aqui, no Gueto onde eu moro agora. É até muito possível que seja no mesmo bloco do meu apartamento!
Mas voltando ao taxista… Ele me perguntou “casualmente” qual era o meu destino final depois de chegar na estação de trem. Eu disse Copenhague. Ele então tentou me convencer de que os trens não estavam mais rodando. Que tinham sido cancelados. Tentou até me mostrar um aplicativo no celular dele.
Como eu não confio nesse povo, e tanto o policial com quem falei e um aplicativo local dizia que os trens estavam rodando normal, eu me manti firme e disse que queria ir para a estação central e que, se não houvesse mais trens, eu simplesmente iria procurar um hotel.
Depois da minha resposta o cara não falou mais comigo. rsrs.
Eu tenho certeza de que se eu não estivesse bem informada, ele tentaria me convencer que eu tinha que ir com ele até Copenhague, o que custaria um fortuna. Ir de táxi entre duas cidades é uma nota preta, imagina entre dois países! Por acaso eu já disse que algumas vezes odeio os taxistas?
Não te julgo… pois também não confio muito.
Muitos tentam passar a perna de qualquer maneira!
Sorte nossa e azar deles, que hoje é mais difícil enrolarem como faziam antigamente.