Tenerife

Vou contar os pontos fortes da viagem para Tenerife.

Dia 1 – Chegamos na parte sul da ilha, um lugar árido e quente, onde raramente chove. Largamos nossas coisas no hotel e fomos dar um passeio pela orla. Estava fazendo sol e o céu estava limpo. Nos sentamos num banco de praça e eu senti cair um pingo. E mais um.

americasDe repente caiu o maior toró que alagou tudo em poucos minutos. E nós escondidas dentro de um supermercado. Como a chuva não passava, corremos para uma cafeteria para tomar um suco e esperar a chuva passar. Mas quem disse que aquela chuva forte dava uma trégua? Passamos quase uma hora ali esperando e nada. Resolvemos então nos enfiar no meio das poças d’água suja para tentar agarrar um táxi na frente dos outros turistas. Por sorte pegamos um táxi rapidamente, que nos deixou no hotel, mesmo assim chegamos completamente imundas e enxarcadas.

Dia 2 – De manhã cedo eu telefonei para a recepção para perguntar se eles tinham serviço de lavanderia. Uma camareira veio buscar a minha calça e quando ela viu que nós estávamos falando português, ela nos disse que é de Portugal e que morava ali pertinho. Ela nos deu várias dicas de lugares bacanas para visitar, e também nos ofereceu uma carona para ir até a praia onde ela morava. Combinamos então que ela passaria no nosso quarto no dia seguinte, e que estaríamos prontas 15:30. Beleza.

troyaFomos então fazer nossa caminhada, seguindo as dicas da portuguesa. Naquele horário muitos estabelecimentos ainda estavam retirando água que tinha entrado nas casas por causa da chuva do dia anterior. Pelo visto a coisa foi feia mesmo.

Playa de las Américas, só tem turista e surfista. Ali não tem praia com areia, só pedras. Andamos até que chegamos na Playa de Troya (foto ao lado), onde a areia era fininha e bem escura. Achei interessante.

Queríamos chegar na Playa del Duque, que foi o lugar que a portuga indicou. Ela tinha dito que a distância era de 15 minutos. Sim, esses quinze minutos viraram nuns 45 minutos e não tínhamos chegado nem na metade do caminho! Resolvemos voltar e fazer como os outros turistas: deitar na beira da piscina do hotel e tostar.

Dia 3 – 15:30 estávamos prontas esperando a portuguesa nos buscar no quarto. Esperamos até 16:00 e nada. Resolvemos então pegar um táxi e ir lá no Los Abrigos nós mesmas. Lugar bonito. Tinham dito que ali se come muito bem, que o peixe é fresco. Numa farmácia perguntamos qual restaurante ela nos indicava (pois ali também tinha muito restaurante só para turista, e nesses nunca a comida é muito boa). Fomos para o local indicado, mas estava cheio. O garçon disse que poderíamos voltar em mais ou menos 20 minutos para ver se tinha uma mesa vaga.

Enquanto esperávamos, conversa vai, conversa vem, uma espanhola, que estava sentada perto de nós, pergunta se eu posso tirar uma foto deles. Claro, digo eu. Tiro a foto e vejo que a câmera dela diz assim: “gemmer foto”. Eu me espantei e falei: “gemmer foto? Vocês falam dinamarquês?” Olha que mundo pequeno esse, aquela espanhola morava na Dinamarca mas estava em Tenerife visitando a irmã dela.

lobster Voltamos lá no restaurante, nos arrumaram uma mesa e eu comi o melhor prato de peixe da minha vida! O cardápio só tinha nome de peixe e vendia-se por quilo. O garçon vem com o peixe quase que vivo na mesa e pergunta se é suficiente. Quando ele mostrou dois peixes grandes inteiros para nós três, eu achei que era demasiado, mas ele falou que ia encolher. Dois peixes deu certinho. Na mesa ao lado, uns gringos estavam brincando com a lagosta que eles iam comer. Lagosta escura, ela agarrou na mão do cara e não queria largar!

Eu adorei esse restaurante. Foi uma experiência ótima, e o tratamento também foi fantástico. Gastamos horrores naquela noite, mas comparado com os preços aqui da DK, foi uma pechincha.

Para voltar para casa tínhamos que pegar um táxi. Chegamos no ponto e havia três carros parados. O carro do meio fez sinal para nós. E como nós conhecemos a regra de que um taxista não deve tomar a vez do outro que está na frente, eu perguntei: mas é você o carro da vez? Ele respondeu: eu conheço vocês. Confesso que não entendi o que ele falou e dei risada. Entramos no carro e eu disse: Você conhece o hotel…

E foi aí que ele terminou a minha frase: ‘Hotel Conquistador, eu sei, eu conheço vocês, fui eu que levei vocês do aeroporto até o hotel.’

Pode isso? O rapaz se lembrava da gente! Achamos que era muito coincidência. O rapaz também foi simpático e resolvemos perguntar quanto ele cobraria para nos levar num passeio para conhecer a ilha. Fechamos num preço amigável e marcamos o passeio para o nosso dia 5.

Dia 4 – Resolvemos dar uma de turista e ficamos morgando na beira da piscina. E lá vem a equipe de entretenimento e nos convence a fazer uma aula de bicicleta aquática no spa. Fomos lá e caímos na maior furada. A atividade era de alongamento! A aula de bicicleta que queríamos era na piscina do lado de fora, e quando finalmente saímos do alongamento e chegamos na piscina, todas as bicicletas já estavam tomadas! Resolvemos então fazer a áula de aeróbica que seria em seguida. Estamos nós lá, pula, puxa, estica, e o fotógrafo do hotel tirando um bocado de fotos. Aulinha ruim, tão ruim que eu nem me aqueci e estava com frio dentro da piscina. Lembro que eu pensei, pelo menos essa palhaçada aqui vai render umas fotos engraçadas.

IMG_8050Já que a comida do hotel era ruim demais, de noite fomos numa praia ali perto chamada Los Cristianos. Fomos a pé e no caminho passamos por várias ruas tentando achar um barzinho brasileiro que se chama Água de Coco. Não tivemos sorte e não encontramos nem água de coco, nem água gelada, nem água de nada. Resolvemos então procurar um restaurante para jantar. Pensávamos que daríamos a mesma sorte que nos Los Abrigos, mas o restaurante italiano que nós escolhemos foi ruim demais. Em compensação no caminho de volta para o hotel, o táxi passou bem na frente do Água de Coco! Ótimo, agora já sabemos onde fica.

Dia 5 – Nosso taxista aparece com seu próprio carro, uma pequena lata de sardinha, e nos leva para conhecer a ilha quase que toda. Na hora do almoço ele nos levou até o restaurante da sua prima. Chegando lá ele descobriu que o marido dela tinha sido operado e que o restaurante estava arrendado. O taxista nos contou que o lugar tinha sido construído por eles mesmos. Era uma garagem com paredes de pedra, mas lugar estava bonitinho, bem cuidado e a comida era muito boa. Eu experimentei o prato chamado “roupa velha”.

restaurAs moças tocando o restaurante eram animadíssimas e volta e meia gritavam da cozinha “aos noivos!” e faziam um brinde. Era uma brincadeira com dois velhinhos que estavam sentados na mesa ao lado. Como nós achamos divertido (e diferente, já que aqui na Dinamarca ninguém tem essa animação) nós rimos. Os velhinhos se ofenderam, achando que nós estávamos pensando que eles eram bicha. Olha a idéia desse povo. Coisa de biba nem me passou pela cabeça. Eu achava que um deles ia se casar em breve, ou algo assim.

No final do almoço eu perguntei para a mulher do estabelecimento se um deles ia se casar, e ela me disse que era uma brincadeira com eles, pois na primeira vez que eles foram almoçar ali, elas disseram que elas iriam se casar com eles! Achei genial. Como eu sinto falta dessa alegria e espontaneidade dos latinos.

Continuamos o passeio subindo no vulcão Teide. Que lugar incrível.

De noite, de volta ao hotel, comendo aquela comida horrível do hotel (pois fizemos a reserva com o jantar incluído, infelizmente),  não resisti e por várias vezes fiz um brinde com as meninas dizendo “aos noivos!” Os gringos sentados ao nosso lado olharam com cara brava, achavam de certo que nós estávamos fora de nós mesmos! haha

Na saída do jantar parei no estande de fotógrafo e perguntei se ele tinha tirado alguma foto nossa. Ele disse que não. Mas como minha amiga estava certa que ele tinha tirado uma foto, eu insisti e pedi para ver as fotos da atividade na piscina do dia anterior. Foi aí que eu fiquei irritada. Ele tirou foto de todas as velhinhas gringas que estavam na piscina conosco, mas não de nós. Fiquei brava e disse umas para ele.

Dia 6 – Largadas na beira da piscina e fazendo planos para o dia, lá vem aquele infeliz do fotógrafo e pára para puxar papo. Eu digo que fiquei muito chateada, pois ele havia tirado fotos de todas as outras mulheres na piscina, mas não de nós. Ele diz que nós não fotografamos bem. Essa foi de matar. Rimos, porque o que mais se pode fazer? O cara nos chama de feia assim na cara dura.

_DSC0427Aí percebendo o que tinha dito, ele puxa a câmera, tira umas fotos nossas e nos convida para tirar mais fotos no jardim e na praia. Mas nesse dia nós estamos descabeladas e com cara de sono! Então a resposta é não, muito obrigada. Mesmo sabendo que não está agradando, ele continua puxando papo, e se interessa muito quando descobre que somos brasileiras. O sonho dele é morar no Brasil. Ele sabia falar português e conhecia muita coisa cultural do Brasil, como obras de Jorge Amado, músicas de Tom Jobim e assim por diante. Ele comentou de um barzinho brasileiro, que por coincidência era o Água de Coco que nós estávamos caçando já fazia dias. Eu perguntei se lá tocava uma musiquinha brasileira, e ele disse que sim, aos sábados. Pronto, então é no sábado que vamos lá.

Dia 7 – Sábado. Fazendo uma retrospectiva, chegamos à conclusão de que os melhores passeios que fizemos foram os indicados pela portuguesa. Como nunca conseguimos chegar na Playa del Duque, que foi a primeira indicação dela, resolvemos pegar um táxi e ir até lá. Realmente, são 15 minutos de distância, mas 15 minutos de carro!!! Mas valeu a pena. Lugar bonito e luxuoso. Hotéis espetaculares à beira-mar. A areia ali era grossa, cheia de pedrinhas, até machucava a sola do pé ao andar. Estavam alugando cadeiras por 4 euros cada. Um horror de caro. Estendemos nossas toalhas do hotel na areia mesmo e nos acomodamos por ali – coisa de turista mão-de-vaca, mas nós não éramos as únicas, tinham uns portugas fazendo o mesmo ao nosso lado. 🙂 Fez 28 graus nesse dia. Branquelas como estávamos, saímos dali correndo à procura de um lugar com sombra. Único lugar disponível com uma sombrinha: shopping center.

duqyeNum mercadinho nós perguntamos se a moça não indicava um lugar para comer, e ela indicou um restaurante italiano bem na esquina e que não era muito caro. Comemos muito bem. Eu experimentei um carpaccio de polvo, que foi uma delícia. Eu nem sabia que dava para fazer carpaccio de polvo. Fomos muito bem tratadas, ganhamos até uns limoncello caseiros como cortesia.

Empanturradas, para fazer a digestão resolvemos fazer uma caminhada. Vamos andando para o lado da playa das Américas, vai que a gente consegue chegar lá a pé, eu disse. Na metade do caminho a tia Cris aqui já estava pedindo arrego. Credo, como era longe.

Mortas de cansada, era nosso último dia na ilha, fomos jantar no hotel. A idéia era jantar, assistir ao show (toda noite o hotel oferecia um entretenimento, show com música ou com dança) e depois ir para o Água de Coco. Eu cheguei no restaurante sozinha, pois as meninas tinham ido fazer uma compra e ficamos de nos encontrar direto no restaurante. Não é que o fotógrafo me vê sozinha e pega no meu pé? Ele disse que tinha me procurado o dia todo na piscina para tirar minhas fotos. Aí ele perguntou se podia tirar as fotos amanhã e eu falei que iríamos embora de manhã cedo. Não se dando por vencido, ele me convence a tirar umas fotos após o jantar. E não é que as fotos ficaram boas. Pelo menos eu gostei e acabei comprando quase todas. As fotos todas estão no site cris.dk.

Fomos então assistir ao show. Que palhaçada, que coisa de amador. Mas como estávamos sentadas na frente, tivemos que ficar até o fim. No meio da apresentação eles caçam alguém da platéia. Adivinha quem foi escolhida? Exatamente, tia Cris.

Eu achei que era para dançar com o bichona. Ele coloca a mão na minha cintura como se fosse dançar comigo, mas aí a mocinha vem e cutuca ele no ombro, como quem diz: o que vc está fazendo? A brincadeira, no final das contas, era para imitar eles. Lá vai ele na frente do palco e faz uns paços de salsa. Ela vai e faz o mesmo. Aí eles olham para mim com aquela cara: repete se for capaz. Lá vou eu e salsa é comigo mesmo! haha

Então lá vai ele novamente, faz um passo bem brasileiro, espichando a bunda e sacudindo tudo, parecendo até uma dançarina de grupo de axé. Aí é a vez da mocinha, que vai lá e dá uma reboladinha de samba. E novamente, eles olham para mim me desafiando. Lá vou eu, e como boa brasileira, rebolar é com a gente mesmo! Deixei aqueles gringos perna de pau com a boca aberta. Muito satisfeita comigo mesma, me sentei no meu lugar e sinto alguém me cutucando no ombro. Era o fotógrafo novamente (pô, esse cara de novo?!) dizendo que eu mandei bem. Fui obrigada a rir.

Cansadas, voltamos para o quarto e vi tudo. Íamos acabar caindo no sono e não indo a barzinho brasileiro nenhum. As meninas tomam um gole de um licor de banana, feito na região, e imediatamente uma delas tem uma reação alérgica. Saímos correndo procurando uma farmácia que estivesse aberta às 10:30 da noite para comprar um anti-histamínico. Agora, já que estávamos no meio da rua mesmo, decidimos ir para o barzinho.

Chegamos no Água de Coco e não tinha quase ninguém. Estavam tocando umas músicas espanholas estranhas e a negona atrás do balcão tinha mais cara de nigeriana de que de brasileira. Eu e as meninas chegamos a dizer: vamos embora agora ou vamos tomar uma caipirinha e ir embora depois? Resolvemos tomar uma caipirinha de maracujá e perguntar para a moça se ela não colocava umas músicas brasileiras. Eu nunca tinha tomado caipirinha de maracujá antes, achei uma delícia – com limão e maracujá juntos. Pedimos a segunda rodada e enquanto estamos lá olhando para o mar e a lua, chega a turma do agito. Uns rapazes chegam tocando tambor e tamborim e colocam todo mundo para dançar axé e zumba. Ficou animadíssimo. Saímos de lá quase 2 da manhã.

Dia 8 – Depois de uma semana com sol e calor, estamos prontas para voltar à dura realidade do inverno dina. Fazendo o check-out às 7 da manhã, vemos a portuguesa passando pela recepção e dissemos: ‘puxa, naquele dia nós te esperamos de tarde’, e ela nos respondeu, ‘pois então, e eu passei de manhã no quarto para confirmar, mas não tinha ninguém no quarto’.

Foi um desencontro, mas tudo bem. As dicas dela foram o que tornaram a nossa viagem numa experiência inesquecível. Valeu. As melhores fotos da viagem estão em Cris.dk.

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5 Responses to Tenerife

  1. Vesgueta diz:

    essa imagem parece mar de lá (Valadares) hehehe
    http://blog.cris.dk/wp-content/uploads/2013/11/duqye.jpg

    juro de coração, quando cair o 13º mando imprimir esse texto com imagens e faço um livro, pelo menos vou ter um livro p/ ler nas férias, hehehe brincando

    assim que sobrar tempo leio, ok
    se cuida

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