Tóquio etapa 2 – fotos

Etapa 2 – Dia 1 de manhã

Domingo. Chovendo torrencialmente. Após o café, eu tinha que trocar de hotel e checar se minha mala tinha chegado. O plano para esse dia era encontrar Chieko, a minha correspondente com quem troco cartas faz um ano e meio.

A primeira coisa que fiz foi tirar um selfie e enviá-lo pra Chieko, para que ela pudesse me reconhecer. Nunca tínhamos trocado fotos antes. Ela fez o mesmo. Ficamos de nos encontrar na frente do portal do templo Senso-ji em Asakusa.

Estava chovendo tanto, que só atravessar a rua do hotel até a entrada da estação me molhou inteira. De trem, de Shinjuku até o bairro de Asakusa demorou uma hora, e quando cheguei, a chuva tinha diminuído para uns chuviscos. Que sorte. Esse foi o único dia que peguei chuva de verdade nos 23 dias de viagem.

Eram 11 da manhã quando cheguei no hotel. Eu ia encontrar Chieko ao meio dia, então eu tinha tempo, especialmente porque do hotel até o portal Kaminarimon eram somente 5 minutos de caminhada. Achei que tinha tempo mais do que suficiente, mas as coisas nunca acontecem como a gente espera.

A mala tinha chegado! E para minha surpresa, eu podia ir direto para o quarto. Eu não precisava esperar para fazer check-in, porque a minha acompanhante de quarto tinha chegado na noite anterior. E foi aí que entendi o porquê da confusão no telefone quando o hotel de Shinjuku ligou para Asakusa. Eu tinha dito que meu check-in seria no domingo, mas como minha acompanhante de quarto chegou um dia antes, estava marcado que o meu check-in também era um dia antes. Eita. Mas beleza, vou para o quarto deixar a mala.

Tento minha chave, mas a porta estava travada por dentro. Bato na porta por vários minutos e nada. Escuto pela porta que tem um televisor ligado. Bato, bato e bato naquela porta. Tinham me dito que o nome da minha acompanhante é Nancy. Chamo pelo nome, e nada. Eu ia voltar na recepção mas vi uma das arrumadeiras e falando um japonês mega básico, perguntei se ela podia ajudar. Pensei que a chave-mestre ajudaria, mas a chave dela também não funcionou. E continuamos nós duas batendo na porta e chamando, até que passou um segurança. Ele ligou para a recepção pelo walkie talkie e a recepção ficou de telefonar para o quarto. Mais cinco minutos se passaram até que Nancy abriu a porta com uma cara muito confusa. Eu disse que eu seria sua acompanhante nos próximos 10 dias de viagem.

Se a recepção não tivesse ligado, sabe quando que Nancy teria me escutado bater naquela porta? Nunca. Com 76 anos de idade, ela usa aparelho nos dois ouvidos e ela tinha tirado o aparelho para tirar um cochilo! Além do mais, Nancy não estava esperando que usaríamos o mesmo quarto que ela recebeu na sua primeira noite de estadia. Aquele quarto era muito apertado e ela achava que receberíamos um quarto maior. Ledo engano. Quando entrei, vi que ela tinha se espalhado e espalhado sua bagagem por tudo. Simplesmente não tinha lugar para mim nem pra minha mala. Mas tudo bem. Deixei minha mala e fui encontrar Chieko, porque nessa brincadeira de esperar Nancy abrir a porta, se passaram 50 minutos.

Etapa 2 – Dia 1 de tarde

Os Japoneses nunca chegam atrasados, aliás, eles chegam adiantado mas Chieko chegou com 8 minutos de atraso e nem enviou uma mensagem no meu Zap para me alertar. Eu estava preocupada, achando que no meio daqueles guarda-chuvas, ela não estava conseguindo me reconhecer.

Chieko foi muito cortês, mas eu achava que ela seria mais expansiva, mais brincalhona. Nas nossas cartas sempre falamos das trilhas e viagens que fazemos, mas no nosso encontro, não tínhamos muito para conversar. Ela me levou num restaurante pequenininho para comer um soba (os miojo chiques do Japão). Existe técnica para comer macarrão. Tem que fazer barulho na hora de sugar ele pra boca. Achei que seria fácil, mas foi um desastre. Meu macarrão era grosso, quando eu tentava sugar, ele quebrava, caía no prato e espirrava sopa por tudo. E eu gosto de tomar a sopa, mas aprendi que no Japão só se come o soba ou lamen e deixa a sopa. Achei um desperdício. Enfim. Fiz tanta gafe nesse almoço, que é melhor deixar pra lá.

Chieko me mostrou os templos, pagodas e portais no Senso-ji. Como estava chuviscando, tirei pouca foto. As fotos estavam ficando escuras. Chieko me explicou umas coisas da cultura nos templos. De queimar incenso para atrair boa sorte, mas a gente não precisava comprar incenso, podíamos “roubar” um pouco da sorte puxando a fumaça dos incensos para o nosso lado. Foi o que fizemos. Como esse era meu terceiro dia no Japão e o primeiro templo que estava visitando, eu ainda estava focando em tirar foto das carpas e das moças vestidas de kimono (se bem que eu não estava achando nada legal ver aquela mulherada andar de chinelo de dedo de palha e meia soquete naquela chuva e asfalto molhado).

Chieko perguntou se eu queria tirar minha sorte (omikuji). Coloca uma doação de 100 Yen na caixa, pega a lata metálica e dá uma chacoalhada nela, tira um pauzinho de dentro. Tem um número dele. Nas gavetas na nossa frente havia números. Achamos a respectiva gaveta e tiramos uma folha de papel lá de dentro.

Se você tira boa sorte, você guarda o papel consigo. Se for má sorte, você dobra o papel e deixa ele pendurado no templo.

Li o meu papel. Não era má sorte. Era péssima. Coisas horríveis naquela premonição. Eu nem li tudo, porque estava me deprimindo. Deixei aquele papel pendurado lá no templo.

Uns minutinhos depois, Chieko disse que tinha planos de fazer umas compras antes de voltar para Chiba, a cidade onde ela mora. Antes de ela ir embora, eu disse que minha amiga de Singapura tinha recomendado um dorayaki gourmet (panqueca japonesa recheada com doce de feijão vermelho) que vendia ali perto. A loja era na frente do portal, não dava para não ir. Ficamos 15 minutos na fila para entrar na loja. Sinal de que essa loja vendia coisas deliciosas. Tirei até foto dentro da loja para enviar depois para Soo Hwee, aquela amiga de Singapura.

Eu achava que Chieko e eu passaríamos mais tempo juntas. Achava que comeríamos o dorayaki juntas, mas não foi assim. Chieko agradeceu o presente (o dorayaki gourmet que comprei para ela e a caneca pintada à mão de Copenhague que levei como recordação) e se despediu. Não eram nem 3 da tarde.

O que faço agora? Caminhei pelas galerias repletas de lojinhas. Achei um lugar que você podia ficar alisando gatos ou porco-espinhos. Eu não gosto de gato, então optei pelo porco-espinho e estava prestes a pagar a entrada quando perguntei para um casal gay descendo as escadas o que eles acharam da experiência. Disseram que foi legal mas que tudo estava fedendo a gato. Pensei direito. Eu não trouxe muitas roupas para essa viagem. Não quero ficar fedendo no primeiro dia. Não entrei. Pena. Não tive outra oportunidade mais tarde durante essa viagem.

Tinha parado de chover, voltei no templo para tirar melhores fotos. Andei tudinho de novo pela segunda vez. Tirei fotos e vídeos do povo puxando sua sorte ou má sorte.

Achei uma fonte com um dragão. Eu não tinha visto essa fonte antes quando passei ali com Chieko. Estava bem ao lado do caldeirão dos incensos queimando. Só tinha turista ali naquela fonte e parecia que ninguém sabia o que fazer. Olhei a placa e pensei:

Segura a concha na mão direita, dá uma cuspidela na mão esquerda e enxagua as duas mãos. E foi o que fiz.

Mas, porém, todavia… no Japão se lê da direita para a esquerda. O processo correto eu aprendi 6 dias mais tarde quando chegamos no Kumano Kodo e a guia nos explicou.

Enche a concha com a mão direita, enxagua a mão esquerda: troca de mão, enxagua a mão direita. Enche a mão esquerda de água, coloca a água na boca mas não engole. Enxagua a boca e cospe discretamente fora. Se tiver água restante na concha, usa para enxaguar o cabo antes de recolocar no descanso.

Antes de voltar para o hotel, entrei num mini shopping center. Tinham me dito que Japão é um bom lugar para comprar sapatos confortáveis. Quem me disse isso foi uma amiga japonesa que mora aqui na Dinamarca. Achei um sapato que gostei muito e fui provar…
A maior numeração da loja era pequena demais para mim. Os japoneses são pequeninos não só em estatura mas também no tamanho do pé. A atendente me disse em tom de brincadeira que eu tinha um pezão. rsrs

Voltei para o hotel para comer meu dorayaki em paz e descansar antes de encontrar o grupo.

Etapa 2 – Dia 1 de noite

Seis da tarde, o grupo se encontrou pela primeira vez na recepção do hotel. Desci com Nancy, minha fiel companheira de quarto: americana de Minnesota.

Como em setembro passado eu viajei na Itália com um grupo através da mesma companhia, eu achava seria parecido: um guia local, a maioria do Reino Unido e uns poucos forasteiros. Naquela viagem o guia era italiano, e os forasteiros eram eu e um casal americano de Arkansas. Então minha expectativa era que o guia seria um japonês bilíngue, a maioria do povo do Reino Unido e os forasteiros seriam eu e Nancy.

“Mas a vida é uma caixinha de surpresas…”

O nosso guia tinha a maior cara de samurai, com umas sobrancelhas diabólicas inclinadas e dentes bem longos, mas o cara não era japa. Ele era americano e falava de uma maneira muito calma e devagar (minha preferência são guias que têm mais energia, mas tudo bem). Os forasteiros eram quase a metade do grupo: 2 da Austrália, 2 dos EUA e 2 do Canadá e tia Cris. O resto eram do Reino Unido, mas dessa vez não tinha ninguém de Wales, Escócia, e Irlanda.

A programação era um jantar num Izakaya incluso no preço passeio, para que todos se conhecessem. Mas dois casais ainda não tinham chegado no Japão e o guia sugeriu que adiássemos o jantar para o dia seguinte. Sensato e todos concordaram. Acabamos todos indo na mesma direção e eu me despedi assim que eles entraram numa lanchonete. Eu queria explorar a área sozinha, mas Nancy disse que queria me acompanhar. Para não ser indelicada, deixei meus planos de lado e acompanhei Nancy. Comemos uns yakitori – espetinho de partes estranhas de frango. Eu comi algo que parecia moela. No cardápio tinha até espetinho de pele da galinha. Será que é bom? Não provei. De aperitivo nos deram uns ovos de codorna marinados, mas demoramos para identificar o que estávamos comendo. Nancy provou metade de um e não quis mais. Eu comi a porção toda dos ovinhos.

Quando saímos do Izakaya eu perguntei se Nancy queria ver o templo iluminado de noite. Então pela terceira vez eu voltei no Senso-ji e tirei umas fotos bem legais.

A última coisa que vimos naquela noite foram uns homens jovens vestidos de gueixa. Eles estavam na frente de um clube com música alta, indicando o que encontraríamos lá dentro se entrássemos. Nancy e eu nos entreolhamos e ela disse: a versão japonesa dos drag queens.

Quando voltamos para o nosso “apertamento”, abri a cortina para ver se tínhamos alguma vista da janela do quarto. Por entre os prédios podíamos ver a torre Sky Tree iluminada.

Etapa 2 – Dia 2

O café da manhã foi no restaurante Panda. Assim que a porta do elevador se abriu, 3 pandas de pelúcia enormes estavam nos aguardando.

Nosso primeiro passeio em grupo em Tóquio começou no Senso-ji. E lá vai tia Cris pela quarta vez ver esse templo.

O resto do dia foi visitando templos budistas e templos shinto, e cemitérios e jardins. Como eu comentei anteriormente em outros posts, no final das contas, a arquitetura desses lugares são muito parecidos. Cortinas roxas, portais vermelhos, turistas vestidos de kimono, gente jogando moeda e fazendo uma prece ou lavando a mão nas fontes com o dragão.

Eu gostei das pontes sobre os trilhos do trem. Em várias havia enfeites na grade. O pessoal nesse grupo era muito animado. Não demorou muito para a gente se entrosar.

Passamos por uma rua cheia de lojinhas. O guia recomendou provar o croquete. Eu pedi um e quando vi frango à passarinho, não resisti e pedi uns também. Decepção. No Brasil, comida frita assim é servida quentinha. No Japão, é temperatura ambiente. Frango à passarinho e croquete de carne de porco frios, foi decepção. Outra decepção foi comprar chá gelado de garrafinha. Ice tea na Europa e chá Matte Leão aí no Brasil vêm adoçados. Docinho, gostosinho, refrescante. Ice tea no Japão é sem açúcar. Difícil de encarar.

Próxima parada, templo Nezu. Tiramos umas fotos bem legais com as centenas de portais no plano de fundo.

O fim do passeio foi no parque Ueno e eu não sabia que estava incluído no passeio de 16 de outubro. Eu tinha feito planos de voltar a Tóquio no dia 31 de outubro e eu tinha essa ideia de que eu queria passar a tarde do dia 1° de novembro no parque Ueno. Cheguei a reservar um hotel mais caro, mas que ficava relativamente perto do parque, só para essa finalidade. Afe. Acabou com meus planos.

No final do passeio no parque, o guia nos explicou como voltar para o hotel e tínhamos umas horas antes do jantar. Eu fiquei no parque mais um pouco. Gostei demais de ver aquele matagal de plantas aquáticas no meio da cidade e um templo budista bem no meio de tudo. Aquele templo me lembrou o templo que eu frequentava no Jabaquara quando morei em São Paulo. Eu estava cogitando alugar um pedalinho no lago, mas de repente comecei a me sentir mal. Um mal estar e estômago doendo. Eram meia hora de caminhada somente até o hotel, mas eu estava tão mal, que tive que pegar o metrô.

Para ver se me sentia melhor, antes de sair para o jantar em grupo, tomei um banho. Estava limpinha e cheirosinha e não esperava que jantaríamos num izakaya pequeno, com pouca ventilação, onde havia chapas de fritura no centro das mesas. A gente mesmo tinha que fritar a nossa comida. Se eu soubesse que iríamos num lugar para ficar fedendo fritura, eu não teria tomado banho antes e definitivamente não teria usado minha jaqueta nova. Nesse dia eu fiquei mordida e não fui a única do grupo. O guia poderia ter nos alertado. Eu não gosto de cozinhar e esse negócio de ficar fritando pedacinhos de carne e peixe você mesmo, não faz o meu gosto. O que salvou esse jantar foi o okonomiyaki (um tipo de omelete/panqueca com tudo dentro misturado). Foi o okonomiyaki mais gostoso que comi na viagem inteira. E olha que eu comi okonomiyaki em vários lugares.

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Tóquio etapa 1 – fotos

Tokyo… inspira fundo, solta uma bufada, e toma coragem para narrar essa história. Aliás, senta que lá vem história!

Eu posso dividir minha experiência em Tóquio em 4 etapas.

  • Os primeiros dois dias em Shinjuku
  • Os próximos dois dias em Asakusa
  • Os últimos dois dias em Akihabara
  • A noite do pânico, de volta em Shinjuku

Etapa 1 – Dia 1

Eu desembarquei 6 da manhã no aeroporto de Haneda, mas até passar imigração, controle de passaporte, e a mala que não chegou, já tinha passado das 8 quando saí do aeroporto. De Haneda até o bairro Shinjuku tinha um ônibus expresso direto. Uma horinha de trajeto.

Meu hotel era super perto da estação. Tinha sido uma amiga virtual que recomendou esse hotel e eu tinha feito minha reserva com 10 meses de antecedência.

Check in era somente depois das 3 da tarde mas ainda não eram nem 10 da manhã. E eu com esse problema da mala que não chegou…

No aeroporto sempre dizem que a mala vai chegar no mesmo dia de noite ou no dia seguinte e eles vão entregar em breve, mas isso raramente acontece. Já aconteceu comigo várias vezes de levar uns 3 dias para rever a mala, e isso é um problema quando a gente troca de hotel com frequência: a mala acaba sendo enviada para o lugar errado. Foi o que aconteceu na viajem em 2015 pra Itália, lembra? Cinco dias correndo atrás daquela mala.

Eu queria evitar o desgaste de correr atrás de mala e eu sabia que ia trocar de hotel depois de duas noites. Para evitar que a mala fosse para Shinjuku num dia em que eu já estaria em Asakusa, dei o endereço de Asakusa para o pessoal do aeroporto. Agora, explicar que eu queria que a mala fosse para meu próximo hotel, não foi fácil. Eles não entendiam meu ponto de vista. E foi uma complicação quando eles viram dois endereços diferentes. No cartão de imigração eu coloquei o endereço onde eu ia passar aquela noite, e no cartão de mala perdida dei o endereço de Asakusa. Deu o maior bafafá.

Por causa dessa dificuldade de expressar para um japonês o que é o “jeitinho brasileiro” eu queria ajuda da recepcionista. Eu queria que ela ligasse para meu próximo hotel e explicasse que eu chegaria lá no domingo mas que minha mala podia chegar antes de mim.

Coitada, a recepcionista usou uns 12 minutos no telefone para explicar isso – e olha que ela estava falando japonês que é a língua onde eles se entendem!

Agradeci muito e me desculpei muito pelo inconveniente. Larguei minha mochila com a recepção e fui matar tempo até 3 da tarde. Por sorte eu comprei um cartão eSIM baratinho um dia antes da viagem e eu tinha internet o tempo todo para me ajudar.

Fui dar uma olhada mais de perto na estação mega gigante de Shinjuku, aproveitei para sentar ali e pegar um sol. Ali pertinho tinha um shopping. Quando eles abriram as portas, eu fui bater perna lá. Ô shopping com loja chique e cara. Tinha fila para entrar na joalheria Cartier! Eu não compro coisa cara, então fui para o andar subterrâneo bater perna no supermercado. Acabei comendo um arroz de curry (kareraisu) lá. Também me convenceram a comprar um molho shoyu cheio de frescura. Se não me engano, ele é defumado.

De bucho cheio, bateu um soninho, mas ainda faltavam duas horas para o check in do hotel. Vi no Google Maps que tinha um parque grande perto dali, o Shinjuku Goen e foi lá que fui matar o tempo. Dormi um pouco no gramado, fiz caminhada, tirei fotos dos artistas. Vendo o pessoal esticado no gramado, me lembrou a Dinamarca. No Brasil a gente não se estica assim no gramado de parques ou me engano?

Finalmente, chegou a hora do check in! Me colocaram num quarto no 32º andar com uma vista linda. Dormi um pouco depois fui caçar algo para jantar. Eu queria explorar um pouco o bairro, mas estava cansada demais da longa viagem. Acabei comprando um sanduíche no andar térreo do hotel, comi no meu quarto, sentada olhando a vista da janela. E fui pra cama cedo, porque no seguinte eu tinha compromisso e eu queria estar bem descansada. Foi uma pena que eu estava tão cansada, porque acabei não vendo nada de Shinjuku. Pelas fotos na internet, há áreas bem interessantes nesse bairro, mas eu não vi.

Etapa 1 – Dia 2

Eu convidei meu professor de japonês para me acompanhar numa visita à exposição do TeamLab Planets. Eu fiquei monitorando a internet por meses para comprar essas entradas. Eu sabia que esgotava tudo num instante após o início da venda. Quando eu comprei dois ingressos, eu ainda não sabia quem eu iria convidar. Acabou que foi meu professor e foi uma boa decisão. Ele é muito gente boa e nos divertimos bastante.

Chegar no TeamLab foi aventura. Eu não sabia que seria tão complicado pegar trem em Shinjuku. Mas essa história e as aventuras desse dia eu contei no dia 14 de outubro.

Dentro do TeamLab, a primeira coisa que eles explicam é que tem que tirar os sapatos e meias e quem estivesse de calça, que tinha que subir a calça até a altura do joelho, porque a gente ia andar em água. Para as moças de saia, disseram que haveria salas com espelhos no chão e que a calcinha poderia aparecer e que quem quisesse poderia alugar um shorts preto.

Eu já sabia de tudo isso. Eu fui preparada! Só não sabia que seria uma exposição tão bacana! Já na entrada a gente tinha que subir uma rampa com água descendo rampa abaixo. Era como se estivéssemos subindo uma cachoeira. Depois vieram as salas com luzes e espelhos e os sons que pareciam o universo me movimentando. Corredores escuros com paredes e chão com veludo preto. De repente sinto que o chão mudou. Não era mais veludo, era couro e parecia uma almofada. Engraçado como no escuro os sentidos estão mais aguçados. Em seguida veio a piscina de água quente cercada por espelhos onde luzes refletiam na água e davam a impressão de que havia carpas nadando entre a gente. Numa outra sala, a gente podia deitar no chão e parecia que flores estavam caindo do teto. Então tudo parecia rodar. No final, havia uma sala com centenas (talvez milhares) de orquídeas suspensas no ar. Eram tantas. Tão lindo. Foi a maneira perfeita de encerrar a exposição.

De lá fomos comer sushi no mercado Tsukiji. Sushi no Japão é praticamente só nigiri, mas são muitas as opções. Tirei uma foto do cardápio. Me despedi do meu professor e eu fui explorar um parque ali perto. Assim que entrei fiquei sabendo que a cerimônia do chá já tinha começado e estava lotada. Honestamente eu não estava interessada, mas tirei uma foto das mulheres vestidas de kimono. De lá caminhei até o bairro de Ginza, que era li pertinho. Os viadutos e os prédios grandes me fizeram lembrar São Paulo.

Algumas avenidas estavam interditadas pela polícia. Era um sábado. Acho que algum evento aconteceu ali antes de eu chegar. Vi várias pessoas com cachorros da raça Akita Inu e Shiba Inu.

Ginza é desses bairros chiques, com shoppings luxuosos. Entrei num deles para usar o banheiro, parecia aqueles shoppings da zona Sul de São Paulo. Chique demais. A caminho da estação de metrô para ir embora, entrei numa loja que vendia produtos da Europa. Achei coisa da Dinamarca lá!

Voltei pro hotel com fome e cansada. Acabei comprando um miojo na lojinha de conveniência e uma caixa de chocolate e fui comer no quarto com a bela vista da janela.

Na hora de comer o chocolate, descobri essa palhaçada que no Japão eles embalam cada pedacinho de chocolate individualmente. Não dá para simplesmente encher a mão de chocolate e tacar tudo na boca. Dá, mas antes tem que tirar tudo da embalagem. Haja paciência pra isso.

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Himeji – fotos

Afe Cris, não vai parar de falar dessa viagem ao Japão, não? Está nessa lenga-lenga faz dois meses. Afe.

Eu sei, gente, mas essa foi a viagem dos meus sonhos. Quero escrever tudo que lembro, pois um dia sei que vou voltar aqui e ler sobre minha aventura!

Vamos lá…

De Hiroshima eu voltei para Kyoto, mas na hora de comprar a passagem de trem, eu pedi pra moça se eu podia fazer uma parada de 4 horas em Himeji para ver o castelo. E foi isso que fiz. Deu para ver o castelo e um jardim japonês que ficava ali do lado.

O castelo é realmente imponente. Muito grande, mas como os outros, vazio por dentro. Muitos turistas, a gente andava muito lentamente nas escadas de um andar para o outro, ainda mais sem sapato, só de meias, era meio escorregadio. Do sexto andar tirei umas fotos.

Na saída do castelo, na hora de colocar o sapato, senti falta do meu chapéu. Meu adorado chapéu pra proteger a carranca do sol. Ele deve ter caído durante a visita ao castelo e eu nem percebi. A saída não era no mesmo portão de entrada, então perguntei para a moça se eu podia entrar novamente para procurar meu chapéu preferido.

Não me deixaram entrar, mas disseram que tinham achado um chapéu cinza e ele tinha sido levado para a administração. Me acompanharam até lá. Infelizmente aquele chapéu não era o meu. Eu estava chateada, porque cinco meses atrás perdi um chapéu assim de bobeira na Inglaterra.

Não me dei por vencida. Voltei no portão de entrada, já fui arrancando os sapatos e falando pra moça que eu ia entrar para procurar o meu chapéu. Uns 30 passos adiante do portão de entrada, vi um turista cutucando seu acompanhante e apontando para algo sobre um banco de madeira num canto escuro do castelo. Era o meu chapéu! Eu nunca teria achado o chapéu se não fosse aquele homem apontando, porque eu já estava pronta para ir para o próximo cômodo do castelo. Eita sorte! Como eu estava perto da entrada, não ia rodar o castelo todo. Voltei para a entrada com o chapéu na mão. Aquela mulher pedindo para o povo tirar os sapatos, quando eu mostrei o chapéu, ela ficou mais contente do que eu e disse “yatta!!” de uma maneira bem animada por várias vezes!

Eu perdi uns 40 minutos nesse resgate do chapéu perdido. Não parece muito, mas lembre que eu só tinha 4 horas na cidade (e 50 minutos desse tempo estava reservado para ida e volta da estação até o castelo). Por causa disso, o resto do meu passeio em Himeji foi meio corrido, mas deu tempo para terminar de ver o castelo, ver o jardim, tirar fotos das tampas de bueiros, fotos das pinturas no asfalto das ruas, e tempo para parar por 2 minutinhos e escutar uma banda tocando jazz no meio da rua.

Almoço eu queria comer em paz, mas não deu tempo para entrar num restaurante. Acabei comprando um sushi de supermercado e comendo na sala de espera da estação, aguardando o trem chegar. A sala de espera da estação até que era simpática, com uns sofás verde e amarelo, parecendo a seleção canarinho.

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Itsukushima (Miyajima) – fotos

Eita, que esse foi um dia porreta. Depois de 7 dias com dor de garganta, justamente nesse dia explodiu o meu resfriado. De Osaka para Hiroshima, duas horas no shinkansen (trem bala) com nariz escorrendo o tempo todo. Eu usei máscara, porque eu sabia que estava bichada.

Eu cheguei em Hiroshima, porém o Google Maps que ia me guiar chegou atrasado. Ele achava que eu ainda estava no meio do caminho e eu fiquei meio que sem saber o que fazer. Eu estava contanto com Google Maps para me guiar até o hotel, onde Akiko, minha correspondente, estava me aguardando.

Parada feito besta no meio da estação de trem, uma japa se aproximou de mim e disse que eu parecia alguém que precisava de ajuda. Ela tinha uma coleção de mapas turísticos da cidade nas mãos, e em vários idiomas. Ela me mostra inglês, espanhol, italiano, francês e uns outros e me pergunta qual idioma falo. Eu falo a maioria desses idiomas, mas me dá um em francês, por favor, porque a amiga que vou encontrar só sabe falar francês.

Cheguei no hotel, Akiko chegou literalmente 2 minutos mais tarde (depois descobri que por uma coincidência muito grade, o hotel de Akiko era literalmente o prédio vizinho do meu!).

Se eu soubesse que ia ficar tão ruim durante o dia, eu teria pedido para ir na farmácia, mas ao invés disso decidimos o que iríamos fazer. Ela sugeriu ir até a ilha de Itsukushima. O bondinho que ia até o porto para pegar a balsa passava bem na frente do hotel. Gente, demorou para chegar lá. Uma hora e pouco naquele bonde e um ar condicionado bem no meu pescoço. Talvez tenha sido isso que fez eu piorar de vez. O nariz não parava de escorrer. Eu levantava aquela máscara para assoar o nariz o tempo todo.

Estava o maior sol e calor em Hiroshima, mas assim que chegamos no porto para pegar a balsa, parecia que o mundo ia se acabar. Em cima da ilha havia um núvem negra e relâmpagos que assustavam. Parecia um filme de horror e a gente estava indo naquela direção! Eu estava com medo de pegar chuva, Akiko estava muito calma, dizendo que a previsão do tempo dizia que não ia chover na ilha. Eu pensei: “hum, sei”.

Demorou 10 minutos a travessia e nesse meio tempo o céu limpou, os raios pararam.

Apesar de eu estar resfriada, o que fez com que eu ficasse cansada rápido, eu me diverti muito. Akiko tem um senso de humor que bateu bem com o meu. Ela me levou para comer coisas que eu tinha na minha listinha de comidas japonesas para provar, como a panqueca Okonomiyaki com ostras, o biscoito momijimanju e sushi de esteira.

A ilha se chama Itsukushima, mas muitos a chamam de Miyajima, que quer dizer ilha do portal. De alguma maneira essa ilha me lembrou Nara, por causa dos veados selvagens soltos. A diferença é que aqui é proibido dar comida pra eles, enquanto em Nara tinha gente que comprava uns biscoitos de arroz para dar de comer aos bichos.

Mas vou te dizer, só porque não pode dar de comer para eles, não quer dizer que eles respeitam isso. Akiko e eu levamos nossos momijimanju para a beira da praia, nos sentamos num banco apreciando a paisagem, e assim que abrimos o pacote, o que veio de veados famintos atrás da gente. Eles não eram agressivos, mas eram muito persistentes e ficavam empurrando a gente. A solucão foi socar o biscoito todo na boca! rsrs

Há duas maneiras de ver o portal em Miyajima. Com a maré alta e a maré baixa. Uma da tarde seria o momento da maré mais baixa naquele dia e fomos até o portal. Tirei foto dos trabalhadores fazendo a manutenção da pintura do pé do portal. Realmente é um portal imponente, mas acho que a melhor foto é quando a maré está alta.

Visitamos dois templos somente, e num deles estava tendo um casamento. Surrupiei uma foto da noiva vestida de Kimono branco. O templo estava todo elevado. Akiko me explicou que na maré alta, tudo ali fica inundado. Deve ser bonito.

Subimos o morro para ver o templo budista. No meio do caminho tinha um desses carrinhos puxados no muque. Akiko sugeriu que a gente roubasse o carrinho. rsrs

Por um momento começou a garoar. Foram 20 minutos de garoa somente, que sorte. Após a garoa, apareceu um arco íris. Tentei tirar uma foto dele.

Na descida resolvemos tentar nossa sorte na barraca que tinha uma espingarda e se você atirasse em algo, ganharia de prêmio. 3 tiros por pessoa. Akiko ganhou de primeira um bonequinho pokemon. Eu não ganhei nada, mas gostei da experiência.

Enquanto a maré subia, fiquei observando um cidadão que estava tão compenetrado tirando fotos do portal e não viu que a água deixou ele ilhado num pedacinho de terra (foto 15). Quando ele se deu conta, a distância entre os dois pedaços de terra secos tinha aumentado. Para manter o calçado seco, ele tentou pular a água, mas a distância era grande, ele acabou pisando uma parte funda, perdeu o equilíbrio, se molhou quase todo.

A maré subiu e o por do sol se aproximava. Na praia um casal vestido de noivos tirando fotos. Não era o mesmo casal do casamento no templo Shinto. Essa mulher estava de vestido de noiva ocidental. Foi aí que eu entendi porque por tudo no Japão há placas dizendo que é proibido entrar de vestido de noiva. Acho que o povo viaja para o Japão para tirar fotos de casamento nos lugares turísticos.

Voltamos para Hiroshima e comemos sushi na estação central. Essa história eu contei no post Hiroshima.

Na hora de me despedir de Akiko, foi quando descobri que o hotel dela era meu vizinho. Antes de se recolher, ela me levou na farmácia e me ajudou a comprar um remédio milagroso que salvou o resto da minha viagem.

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Kumano Kodo parte final – fotos

O último dia de peregrinação foi literalmente subir ladeira e escadarias. Vimos muitas árvores centenárias, dessas com 700 e 800 anos de existência. Uns troncos enormes.

Lá no topo, outro templo budista. Foram tantos templos que eu nem me lembro mais o nome deles. Mas a vista lá de cima era bem bonita. As montanhas, a cachoeira atrás da pagoda.

Eu pensei que de lá iríamos embora, mas para meu deleite, descemos até o pé da cachoeira. Como cada pessoa do grupo tinha um ritmo diferente para subir e descer escadas, eu cheguei lá em baixo sozinha. O tempo estava fechando, mas ainda não tinha começado a chover. Até então, não tínhamos pegado chuva no passeio.

Eu estava meio distraída olhando a cachoeira, quando uma japa me abordou e apontou para uma máquina fotográfica profissional. Ela perguntou se eu queria uma foto para guardar de recordação. Perguntei o preço, fiz mil cálculos de conversão na minha cabeça para saber o quanto 2000 yen eram na minha moeda local, e topei tirar a foto. Foi ela terminar de imprimir que começou a chover e ela recolheu o equipamento. Eu fiquei zanzando por ali por uns 60 minutos e não vi ela voltar a tirar foto de ninguém. Se eu tivesse chegado 5 minutos mais tarde, teria perdido essa oportunidade!

Depois do almoço voltamos para aquela vila à beira mar e de lá pegamos um trem que percorreu toda a extensão da península Kii até chegar em Osaka. Acho que foram 6 horas de viagem. Mas o nosso trem era bem bonitinho. Nas poltronas tinham imagens de ursinhos panda.

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Kumano Kodo parte 4 – fotos

Esse foi o último café da manhã no alojamento tradicional japonês. Eu estava muito na dúvida se deveria pedir café continental estilo ocidental ou se continuaria testando meu limite e comendo comida japonesa. Então pensei, estou aqui agora, quando é que terei outra oportunidade dessas. Aparentemente somente 2 outras pessoas do meu grupo compartilharam do meu ponto de vista. Todos os outros optaram por café continental.

O povo do hotel nos deu uma carona ladeira abaixo até o centrinho da vila de Yunomine. No meio da rua havia um canal onde passa água quente vulcânica. No meio da rua! Então percebi que tudo aquilo me era familiar. Eu tinha uma colega de trabalho que esteve nesse mesmo lugar no ano anterior e ela me mostrou uma foto exatametne como aque estou publicando aqui. Eita mundo pequeno!

Yunomine tem onsen público, que tem que pagar para entrar, mas nós não fomos nele, já que nosso alojamento tinha onsen incluso na estadia. Ali pegamos um ônibus que nos levou para a beira do rio Kumano, onde pegamos a canoa e descemos o rio. No meio do caminho o navegador desligou o motor e comecou a remar na mão enquanto a guia tocava flauta. Era para ser um momento lindo, mas eu estava achando que aquela mulher não sabia tocar flauta e me deu nos nervos escutar aquela flauta desafinada.

De lá fomos para o templo. Se não me engano esse é o templo do futuro. Nos outros dias visitamos o templo do passado e o templo do tempo presente. Todos esses templos são mais ou menos iguais. Arquitetura semelhante, portais vermelhos, lanternas, barrils de sake. Fonte de dragão onde se lava a mão para purificar. Joga a moeda, faz uma prece ou um pedido.

Do templo fomos explorar a vila e achar o restaurante de lamen. Quando eu vi o lugar híper apertado, e nós, um grupo grande carregando mochilões, eu me senti claustrofóbica. Como aquele almoço não estava incluso no passeio, eu achei que eu tinha liberdade de escolher outra coisa e foi isso que disse para o guia. E foi ótimo. Na esquina tinha esse prédio amarelo e assim que eu entrei nele, me senti como nesses filmes, onde o estrangeiro com mochilão entra no bar e todo mundo pára para olhar. Foi exatamente assim.

O cardápio todo estava em Japonês, mas a guria do meu lado me ajudou a entender. O bom dali era que a gente podia ver eles preparando o lamen. Era uma cozinha aberta.

De lá, tínhamos umas 2 horas de espera, mas o guia não nos falou isso. Se ele tivesse dito, eu teria entrado num jardim bem bonito que vi no caminho. Não entrei porque tinha que pagar e achei que eu não teria tempo suficiente para visitar o jardim. Eu achava que a gente só tinha 30 minutos de espera.

Nosso guia era atencioso, mas não muito bom em comunicação. Lembro do dia em Matsumoto que o trem foi cancelado por causa do acidente. Todo mundo foi para um canto diferente da cidade porque tínhamos umas duas horas de espera. Eu fui para um shopping, teve gente que foi pra museu. De repente vem uma mensagem do guia chamando todo mundo de volta pra estação. Como eu estava sentada bem ali na frente, fui a primeira a chegar. Então ele me disse que não conseguiu passagem para o próximo trem e teríamos 1 hora extra de espera. Eu olhei bem pra ele e perguntei: você chamou todo mundo de volta aqui para dizer que temos mais uma hora de espera? Foi aí que ele se tocou e mandou a informação correta para o grupo.

Mas de volta à história…Como não tinha nada para fazer enquanto esperávamos para o trem, zanzei um pouco aos redores. Vi um ônibus bem bonito, todo decorado, e achei outra placa daquelas dizendo para tomar cuidado com os tombi (o falcão que gosta de roubar comida da gente!).

Nosso próximo paradeiro foi numa cidadezinha na beira do mar. Adoro! Chegamos umas 3 da tarde e fomos direto para o hotel. O pessoal se programou para se encontrar 4:30 e fazer um passeio. Como o por do sol era cinco horas, eu achei melhor sair mais cedo. Comecei minha caminhada pela beira mar 4 da tarde. Passei por uma galeria completamente vazia onde estava tocando bossa nova no auto falante. Na frente de alguns prédios viam-se placas dizendo “abrigo em caso de tsunami”. Definitivamente, esse tipo de placa não se vê pras bandas de cá.

Enquanto fazia minha caminhada, vi muitos desses pássaros tombi. Bem grandes eles. E aproveitei para tirar uma foto do por do sol lá do farol.

Foi nesse momento que vi um barquinho voltando de um passeio pelas ilhas locais. O último barco saiu 4 da tarde e voltou as 5. Eu queria ter feito esse passeio para ver as ilhas! Não lembro do nosso guia dando essa dica, de que dava para fazer esse passeio. Nós tínhamos tempo suficiente, já que chegamos no hotel 3 da tarde. Enfim.

Eu achava que jantaríamos num lugar com peixe fresco, já que é uma vila de pescadores famosa por peixe fresco. Mas acho que como muitos não comem peixe cru (e no Japão peixe fresco é servido cru), o jantar foi num restaurante chinês. Nos entupiram de comida, frituras e tentaram me cobrar 100 yen a mais pelo meu suco de manga. Se quer cobrar 400 yen por um suco, cobre, mas coloque o preço no cardápio. Agora querer me cobrar 400 quando na placa em cima da mesa diz que suco custa 300? Foi uma questão de princípio. Na realidade eu me arrependi depois de ter mencionado que na placa dizia 300 yen. Eles nos deram tanta comida, dose enorme de sake, sobremesa e afins. 100 yen a mais não era nada.

No dia seguinte saímos de mala e cuia para nossa última caminhada da peregrinação.

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Kumano Kodo parte 3 – fotos

De pé antes do sol raiar. O nascer do sol da sacada do meu apartamento mostra que será mais um lindo dia de sol.

Hoje foi o segundo café da manhã nesse ryokan (alojamento tradicional japonês). Para minha surpresa, foi quase igual ao do dia anterior, mas o tofu cozido foi substituído por brócolis e outros legumes. O ovo veio cozido (cozido demais do ponto, mas tudo bem). Ao meu lado fiquei observando aqueles que optaram por café da manhã ocidental. Iogurte (que muita gente não comeu e eu louca por um iogurte!), uma fatia de pão cavalar, um croissant, salada, tomate, e outras coisas estranhas. Nada de queijo, frios. Ao verificar aquilo, percebi que fiz a escolha correta em me manter firme e forte e comer o peixe frito como dejejum.

Antes de entrar na van, consegui tirar uma foto do poço do onsen, de onde eles tiram a água quente para cozinhar. A van nos levou para perto do poste 62, onde começou a jornada.

Nesse dia fizemos a caminhada mais importante da peregrinação: 8 km até o templo mais importante, o Hongu Taisha. Foi essa caminhada que valeu o carimbo final que dá status de peregrino do Kumano Kodo. Então dá-lhe coletar carimbos até lá.

A trilha passou por umas vilas, onde vi pela primeira vez um pé de kiwi e uma árvore de yuzu. Passamos por uma escola pública que tinha piscina e uma casa que tinha umas carpas. A trilha começou com árvores com folhas bem avermelhadas, indicativo que o outono está chegando.

No meio da floresta havia umas toras que tinham como objetivo servir como “camas” para você se deitar e meditar na natureza. Quando chegamos nesse local, havia um casal tocando um instrumento de sopro bem estranho. Eu achei que a gente iria se deitar e que eles tocariam para facilitar a meditação, mas não foi assim. Eles tocaram o instrumento para nós assim que chegamos, em seguida nos deitamos, e por cinco minutos fiquei aguardando eles tocarem, mas nada. Eles tinham ido embora. Era pura coincidência que eles estavam naquele lugar naquele momento.

A trilha foi bem diversificada. Terra, pedras, escadas. De uma pequena clareira podíamos ver o vale lá em baixo e tinha um daqueles portais. Nossa guia nos explicou que é o maior portal do Japão. Eu não ia tirar foto nesse local, mas vi todo mundo tirando umas fotos bem legais, e eu também quis. Mas eu não estava satisfeita com nenhuma das fotos que tiraram pra mim. Ou o rosto estava escuro na sombra, ou meia cara no sol e meia na sombra. Depois pedi para outra pessoa tirar minha foto, ela não me avisou que já estava tirando a foto e não me deu a chance de sorrir. Enfim. Foi um momento de frustração. Mas a canadense não se deu por vencida e continuou tirando fotos minhas…

Tiramos uma foto de grupo e eu estou nela! Me achar na foto é um jogo de Onde está Wally.

Eu não sabia, mas nós estávamos a caminho daquele portal. Na descida, passamos por um cemitério. Ouvi comentários de companheiros de viagem que não entendiam porque havia cemitério se os japoneses cremam seus defuntos. Eu fiquei quieta. Eu já sabia que eles enterram as cinzas em cemitérios. Fazem a mesma coisa aqui na Dinamarca. Nesse lugar, havia umas lápides de pedra bem trabalhadas.

A trilha acabou no templo e bem em frente ao portal do templo havia uma tampa de bueiro bem colorida com a imagem de um carro de bombeiro.

Em seguida visitamos o templo. Deixei minhas moedinhas, fiz minha oração e carimbei o meu passaporte de peregrino. Quem sabe um dia eu me anime a fazer os mínimos 100 km requeridos do Caminho de Santiago de Compostela e me torno uma peregrinante dupla!

Descemos as escadarias daquele templo, tiramos uma foto que parece a capa de um disco dos The Beatles. Achei um panfleto com uma foto noturna linda do portal número um. Também encontrei um marco dizendo que o Caminho de Santiago de Compostela está a 10 mil km de distância.

No final do dias o guia nos deu umas duas horas livres. Eu aproveitei para me sentar no sol num jardim bem tranquilo. Em seguida fui caminhar na beira do rio Kumano (Kumanogawa). A água cristalina, dava até vontade de tirar a roupa e tomar um banho ali.

E em cima de mim os falcões sobrevoando a área.

Os japoneses nunca se atrasam… pois ficamos quase uma hora esperando a nossa van aparecer. Pelo visto eles se esqueceram de nós.

Mas chegamos no ryokan com bastante tempo. Dessa vez eu consegui tirar a craca antes do jantar. E eu não usei o onsen público com as outras mulheres peladas. Eu consegui usar um dos onsen privados. Bem menor que os outros, claro, mas só pra mim!

O jantar nesse dia me decepcionou. Um dos pratos era carne. Eu sou fã de um bom bife. No Brasil nossa carne de boi é das melhores. No Japão também, mas é outro tipo de carne. A carne tem a gordura muito bem espalhada que parece até um mármore. Eles conseguem isso controlando o gado de uma maneira surreal. Mas o resultado são essas carnes Wagyu de qualidade alta. Acho que uma das melhores é o que chamam de carne Kobe. No jantar comemos uma carne mais barata, chamada carne Mikumano (claro que tem “kumano” no nome). Eu me decepcionei porque não ficou bom.

Carne pra mim tem que ser feita no ponto que eu gosto, mal passada, por um bom cozinheiro. Esse negócio de colocar fogo na minha frente, dizer que eu tenho que fritar cada pedaço por um minuto de cada lado, é furada. Os três pedaços de carne que colocaram na minha frente tinham espessuras bem diferentes. Uma delas era tão grossa, que mesmo depois de 3 minutos ainda estava crua. E a carne não veio temperada. Colocaram um potinho de sal na minha frente, mas tinha tão pouco sal que mal deu para um pedaço. Minha carne não tinha gosto de nada. Horrível. Depois do jantar olhei para o povo ao meu lado, todos eles tinham sal sobrando. Acho que foi um erro que o meu saleiro tinha tão pouco sal. Mas como eu não sabia disso, não reclamei.

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Kumano Kodo parte 2 – fotos

O segundo dia começou com um café da manhã bem japonês. Peixe frito (que a gente mesmo tinha que dar um jeito de virar na grelha), tofu fervido no potinho, uma dose de suco de laranja (não era um copo, era uma dose!). Copo d’água, chá verde, sopa de algas marinhas, arroz com consistência de canjica, salada, picles com aquela ameixa salgada, e ovo mal cozido. Acho que foi esse ovo que fez a maioria do pessoal desistir do café japonês e optar por café da manhã ocidental – minha companheira de quarto chegou a colocar o ovo dentro do potinho fervente do tofu para cozinhá-lo. Nada de leite, nada de pão, nada de queijo ou frios. Eles não são muito dessas coisas por lá.

Depois do café, a van nos levou de volta ao mesmo lugar onde tínhamos parado a caminhada no dia anterior. É o poste número 8. Não comentei, mas os postes com a numeração aparecem a cada 500 metros e servem tanto para saber o quanto já se caminhou como para informar sua localização em caso de um acidente.

Vários trechos caminhamos sobre pedras e pontes de madeira. Algumas pontes tinham sido feitas juntando várias toras de madeira. O que mais me chamou a atenção nesse dia foram as árvores retinhas. Tirem muita foto de árvore retinha. Durante a caminhada a gente parava nas “casinhas” de madeira para coletar o carimbo da peregrinação e poder provar mais tarde que a gente caminhou o percurso de 12 km de Takahara ate Tsugizakura-Oji.

Minha caminhada gravada

Na vila no final da caminhada foi onde eu comprei o pacote de yakult. E foi nessa vila que eu vi pela primeira vez o cartaz dizendo para tomar cuidado com o falcão (que eles chamam de Tombi). Diz que a ave ataca para roubar comida das suas mãos.

Antes do jantar, o povo do grupo combinou que todo mundo tinha que usar o roupão japonês (yukata) a hora do jantar. Eu, do contra, não coloquei o roupão. Eu estava imunda e não queria colocar um roupão limpinho ante de tomar banho. Minha intenção era tomar um banho bem relaxante depois do jantar e aí sim colocar meu yukata para dormir.

Mais uma vez foi daqueles jantares com 11 pratos. No “mapa” dizia que começaríamos com um aperitivo de yuzu (uma fruta cítrica local) feita com água do onsen, claro. Em seguida caramujo cozido, musse de ameixa, sopa de abóbora na caneca, salada de caqui com tofu, sashimi (eu não sou muito de peixe cru, mas nesse dia estava tão bom que comi o meu e o da minha companheira de quarto!). Depois peixe cozido no potinho, macarrãozinho, uma meleca de ovo com frutos do mar, filhote de peixe de água doce frito, arroz, mais sopa, mais picles. Sobremesa que era um sorvete de mikan (uma laranja pequenininha local que gostei muito).

Antes de ir dormir, um banho no onsen. Dessa vez não tinha tanta gente e eu fui na “banheira” que fica do lado de fora. Fiquei de molho naquela água quente olhando as estrelas e a lua crescente por uns 15 minutos.

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Kumano Kodo parte 1 – fotos

O que me motivou a viajar para o Japão foi a vontade de fazer a trilha do Kumano Kodo. Foi em 2019 que descobri sobre essa peregrinação. Aqui na Europa se fala muito do Caminho de Santiago de Compostela, que é protegido pela Unesco. Tem gente que anda os 800 km do Caminho várias vezes nessa vida.

Pois eu descobri que Kumano Kodo e Caminho de Santiago estão conectados via Unesco e quem completa as duas peregrinações, recebe um certificado de peregrino especial.

Quando comecei a me preparar para a viagem em 2019, li que a trilha do Kumano é difícil, e foi aí que resolvi me juntar a um grupo. Pensei que eu precisaria de ajuda para fazer essa caminhada.

Eu estava prestes a comprar a passagem em março de 2020, mas no último momento resolvi esperar não sei o quê. Foi a sorte. Uns dias depois começou o rebuliço da pandemia e o Japão ficou fechado para turistas por mais de 2 anos. Algumas pessoas fazendo o passeio comigo tinham comprado a passagem antes da pandemia e tiveram que esperar até agora. Essa era a situação da minha companheira de quarto.

Eu me arrependo um pouco de ter me juntado a um grupo. Eu achava que seria uma caminhada difícil, mas no fim das contas não foi. Talvez algumas partes da trilha sejam difíceis, no entanto os 40 km que caminhamos em grupo, eu achei fácil. A dificuldade maior era quando tinha muita subida ou escadarias. A maioria do meu grupo estava na faixa etária acima dos 60 anos, e subir morro foi um pouco pesado para elas, principalmente a minha companheira de quarto. Pra piorar a situação, a mochila dela estava tão pesada, parecia que tinha uma âncora de navio lá dentro. Nosso guia carregou a mochila dela a trilha inteira no primeiro dia de peregrinação (mas também, acho que ela deu uns 100 dólares de caixinha pra ele no final da viagem, como agradecimento).

Vamos lá… A saída foi de Kyoto. Pegamos um trem no sentido de Wakayama. A vista do mar era linda e o trem tinha uns janelões para ver a vista panorâmica. Claro que eu estava sentada do lado errado do trem! Três horas de viagem até Kii-Tanabe, onde eu peguei meu passaporte de peregrino e onde comi pela primeira vez daquelas bandejas cheias de comida (sopa miso, arroz, picles, tempura de camarão, salada, ovo mal cozido, molhinho que acho era para molhar o camarão). De bebida eles sempre dão gratuitamente um copo d’água e uma xícara pequena de chá verde.

A trilha começa no posto de informação do Kumano Kodo e no poste número 1. A peregrinação é para visitar centenas de templos. Então esses nomes estrangeiros que vou escrever, são todos os nomes dos templos. Na primeira etapa foram 5 km de Takijiri-oji até Takahara-kumano. Subida de 400 metros somente. Fizemos em 2 horas.

Gravei a caminhada no celular

Quando chegou nos 371 metros de altitude, o povo estava contente e tiramos uma foto. A caminhada era por entre as raízes de árvores ou umas samambaias. As árvores de cedro eram tão retinhas e altas. Eu nunca tinha visto nada igual. Normalmente árvore de floresta é contorcida ou torta. O caminho é na floresta fechada. Foram poucos os lugares onde tinha vista das montanhas.

No final da trilha, a guia disse que demoraria 1 hora de táxi para chegar no hotel. Achei melhor usar o banheiro e perguntei onde era. Pois não é que enquanto estou no banheiro, o outro guia decide tirar uma foto de grupo?! Foi a foto mais bonita da viagem. Mas cadê tia Cris nessa foto? Ninguém sentiu minha falta. Fiquei mordida de raiva. Disseram depois que me procuraram e não sabiam onde eu estava. Ué, como não? Eu tinha acabado de perguntar pra guia onde era o banheiro. Quando saí do banheiro, já estavam todos dentro do furgão me aguardando para ir embora.

Essa foi nossa primeira noite num ryokan (alojamento tradicional japonês). E nesse ryokan, além de uma bela vista, tinha fonte natural de água quente vulcânica (onsen), onde a gente tomava banho, porque nos quartos não tinha chuveiro.

Primeiro, tirem os sapatos e coloquem os chinelos. Depois, se prepara para o jantar.

Não deu tempo para tomar banho e tirar a craca do corpo antes do jantar. Seis e meia da tarde em ponto, todos sentados na mesa. A quantidade de pratos e potes sobre a mesa era incrível.

O jantar foi estilo Kaiseki (refeição servida em múltiplos pratos, coisa bem tradicional japonesa). Como tudo era estranho ou novidade, eles fizeram um “mapa” das comidas na nossa frente e qual a ordem de comer, do número 1 ao número 9, 10, 11… era comida que não acabava mais.

Começava com um drink de ameixa feito com água vulcânica do onsen. Dizem que água vulcânica faz bem pra digestão. Depois os picles, sopa de batata, tofu com sal, sashimi, shabu-shabu de carne de porco (que eles tiveram que nos ensinar a como cozinhar no potinho de água fervente), sopa de peixe, macarrão com algas marinhas, peixe do rio grelhado no palito (que foi uma aventura comer usando dois pauzinhos e como tinha espinha nesse peixe!). O número 10 era arroz, mais picles, mais sopa. Número 11 era sobremesa. Pudim de amêndoa.

Eles servem água e chá verde, mas com tanta comida, eu pedi uma garrafinha de saque quente, para ajudar a digerir tudo isso.

Depois fui tomar banho no onsen com as outras mulheres peladas. Vi que tinha “banheira” dentro, mas também tinha fora, para ficar de molho observando as estrelas. Como tinha muito mulher do lado de fora, eu resolvi ficar do lado de dentro onde só estava eu e minha companeira de quarto.

O bom desses onsen público é que tem uma área para secar o cabelo e passar hidratante. No meu último dia consegui tirar uma foto quando não tinha ninguém lá dentro.

Fomos depois dormir na cama mais desconfortável da viagem. Um futon no chão.

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Nara – fotos

Um dia em Nara (a primeira capital do Japão, antes de Kyoto e Tóquio) estava incluso no roteiro com meu grupo. A maior atração lá, como eu mencionei no meu post de 20 de outubro, são os veados caminhando por toda a cidade. É quase impossível tirar uma foto sem que tenha um veado no meio do caminho. Tirei várias fotos de gente dando biscoitinho de arroz para os bichos, outros tentando tirar um selfie com eles.

Visitamos um jardim bem bacana e o templo principal onde tinha uma figura enorme de Buda. O que me encantou foi a quantidade de lanternas nos arredores do templo. Milhares de lanternas de pedra do lado de fora e centenas de lanternas de metal penduradas do lado de dentro. Me disseram que uma vez por ano acendem todas as lanternas. Fico imaginando quantas horas demora acender mais de mil lanternas.

Localização: Chegar em Nara foi facinho. Uma hora de trem de Kyoto. Acho que foi nesse trem que fiquei resfriada. Um ar-condicionado forte no pescoço da gente. No dia seguinte, a caminho da peregrinação é que senti a garganta doendo.

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Kyoto dia 2 – fotos

A programação com o grupo da Inglaterra era usar Kyoto como nossa base. Pernoitamos 3 noites mas visitamos a cidade somente um dia, 19 de outubro. Como dizem que Kyoto tem muito a oferecer, dez dias mais tarde quando saí de Hiroshima, resolvi voltar para Kyoto e explorar mais.

Por um dia inteiro me juntei a um grupo que achei via o website do Airbnb Experiences. Esse passeio propunha visitar 13 atrações num dia só. Achei ótimo. No início do passeio nos encontramos numa estação no noroeste da cidade e a guia nos deu uma folha de papel com a programação. Estavam listados 11 lugares e ponto número um dizia “Encontro na estação tal” (isso não é exatamente uma atração!) . Então foi meio pegadinha dizer que íamos ver 13 lugares e eu ia reclamar para o Airbnb, mas a guia foi tão gente boa e eu curti tanto o passeio, que resolvi deixar pra lá. E visitar 10 lugares foi super cansativo. O povo estava morrendo no final. Acho que ninguém daquele grupo aguentaria 13 lugares. E olha que usamos 3 horas em transporte para economizar as pernas: trem, bonde, ônibus, metrô. Só faltou pegar daqueles carrinhos jinrikisha puxados no muque. Eu inclui uma foto minha com a guia, Masa-san.

Começamos o passeio na floresta de bambu Arashiyama. Depois paramos num jardim japonês, mas cadê as plantas? Eram só pedras! E o povo lá todo zen olhando aquelas pedras. Aff.

Comemos um almoço super cedo, 11 da manhã, num sushi de esteira. Eu tinha acabado de voltar de Hiroshima, onde eles não colocam mais sushi na esteira por causa de um incidente, então fiquei admirada que em Kyoto os sushi vinham passeando pela esteira. Era pegar o que queria e colocar o prato vazio dentro de uma máquina que contava o número de pratos para calcular o preço da conta. Também dava para fazer pedido pelo monitor acima da mesa e eu pedi umas coisas diferentes, como sushi de enguia.

Em seguida visitamos o famoso templo dourado Kinkakuji. De lá fomos para o sul de Kyoto visitar o templo que tem milhares de portais, o Fushimi Inari Taisha.

Olha como esse mundo é pequeno. Eu estava tirando a foto de um casal e assim que me viro, vejo dois integrantes daquele meu grupo da Inglaterra com quem eu estava viajando na semana anterior. Eu achava que eles já tinham voltado pra casa, mas eles estavam em Kyoto no Fushimi Inari Taisha no mesmo momento que eu! Tiramos um selfie junto.

Depois perdi a conta dos templos que visitamos, mas um deles foi especial. O Kiyomizu Dera, fica no alto de uma colina com uma bela vista e era por do sol (cinco da tarde). A gente achava que o passeio terminaria logo em seguida, mas caminhamos até 8 da noite! Onze horas de caminhada. Estávamos mortos no final. Terminamos no bairro das gueixas (Gion) e passamos exatamente pela mesma rua onde eu tinha passado dez dias atrás com o outro grupo. Mas também, esse foi o único lugar que repeti. O resto foi tudo novidade e foi um ótimo passeio.

Eu tirei fotos de umas placas e mapas que achei tão bonitos pareciam pintura. E surrupiei umas fotos de moças vestidas de kimono. Não deve ser nada confortável fazer turismo naqueles chinelos de palha e meia soquete. Quando chove e o pé fica todo molhado. E subir as escadarias com aquele kimono apertado nas pernas? Eita que tem turista que gosta de sofrer! Mas que há uns kimonos e enfeites de cabelo bonitos, há. Falando em enfeite de cabelo, passamos por uma loja que vendia presilha de cabelo para as gueixas. 5 mil Reais pra cima! por uma piranha de cabelo!

Voltei para meu hotel que ficava dentro da estação de trem de Kyoto. Gente, aquela estação é gigante e tem 16 andares. Lembrei que na estação tem dois andares só com restaurantes e eu estava com vontade de comer tonkatsu. Acabei escolhendo um prato com katsu, tempura de camarão e um croquete de caranguejo. Veio muita comida naquela bandeja. Coloquei uma foto.

Dia seguinte era 31 de outubro e eu queria passar o halloween em Tóquio. Meu trem sairia duas da tarde então eu tinha tempo para explorar mais de Kyoto, mas eu estava tão cansada que fiquei morgando no hotel até meio dia. Daí só deu tempo de ver o mercado Nishiki e voltar correndo para pegar o trem.

Do trem eu ficava de olho na paisagem, porque dá para ver o monte Fuji nesse trajeto, mas estava tudo tão nublado que não vi Fuji nenhum e fiquei um pouco desapontada.

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Kyoto dia 1 – fotos

Tem tanta coisa para ver em Kyoto. Junto com o guia e grupo, passamos por uns 10 lugares diferentes, acho. Diferentes mas de certa maneira, iguais.

Os templos, os portais, os pavilhões, os palácios, no final do dia, todos têm arquitetura e cor muito parecidos uns com os outros. E os jardins também são muito parecidos. Aquelas árvores minuciosamente manicuradas.

Foi em Kyoto, num restaurantezinho de vilarejo, em frente a um lugar hiper turístico onde tinha um desses pavilhões e jardins, que comi o melhor tonkatsu (lombo de porco empanado) da viagem.

Eu gostei muito de ver as cores das árvores em Kyoto. Se bem que me explicaram que porque estava fazendo calor, as cores estavam meio atrasadas esse ano. Parece que a temperatura tem que cair para 8 graus para as árvores começarem a trocar para a cor vermelha. Estava acima de 20 graus. Tia Cris estava até usando vestidinho.

No final do dia comemos no bairro das gueixas em uma lanchonete que só tinha uma coisa no cardápio: uma panqueca com tudo dentro, peixe, carne, ovos, cebola… Detalhe, a decoração do lugar era meio pornográfica, com cenas de sexo, genitais escorrendo e afins. Nada apetitoso. Não sei quem teve essa ideia de gerico. Não tirei foto, porque fiquei meio sem graça.

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Nakasendo – fotos

Nakasendo é o caminho que usavam lá por 1600 e bolinhas para ir de Tóquio até Kyoto. Ao invés de ir pela planície, o caminho Nakasendo era hardcore, indo pelas montanhas – provavelmente para escapar algum doido carregando uma espada.

Eu escutava a palavra Nakasendo, e achava que era um nome qualquer, mas a ficha caiu quando eu vi uma placa escrito Nakasendo em kanji: 中山道.

中 (naka) significa no meio, dentro

山 (san, sen) significa montanha

道 (dou) significa caminho

De repente entendi tudo. Naka-sen-do, caminho no meio da montanha. Claro, faz sentido!

Não fizemos toda a trilha planejada por causa do atraso do trem em Matsumoto, mas deu para ver algumas vilas rurais (Magome e Nagiso), tiras umas fotos das casas antigas e das lojinhas.

Em Magome tinha uma japa carregando seus cachorrinhos em carrinhos de neném (se bem que vi disso por tudo no Japão).

No dia 18 de outubro eu escrevi que no Nakasendo eles colocam placas indicando qual o lugar você deve se posicionar para tirar a melhor foto. Pois a foto do mini jardim com o moinho de água é a foto tirada de acordo com a instrução da placa.

Uma foto das estátuas de Jizo, onde o pessoal da vila colocou gorrinhos de crochê na cabeça deles para protegê-los do frio! Eles acreditam que os Jizo dão proteção.

Uma foto com as meninas. No centro eu e minha companheira de quarto de 76 anos. Na frente as duas do Canadá, uma delas de 79 anos. Olha, todo mundo bem de saúde. Quando eu crescer, quero ser poderosa assim e fazer caminhadas nas montanhas quando tiver 70 e poucos anos de idade.

Também uma foto da minha marmitinha (Bento box) que carreguei a trilha toda e que quebrou mó galho quando chegamos no fim da caminhada e não tinha nada para comer na vila onde tínhamos uma hora de espera até o trem chegar. Todo mundo ficou de olho na minha lancheira!

Localização: Saindo de Matsumoto, duas horas de trem e ônibus até Magome.

A caminhada: Uma horinha somente de Nagiso até a estação Tsumago.

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Matsumoto – fotos

Dias 17 e 18 de outubro eu postei algumas fotos de Matsumoto, mas aqui vai a seleção das melhores e a história por trás desses dois dias na cidade.

No trem a caminho de Matsumoto, chegou um momento que deu para ver o vulcão Monte Fuji. Só dava para ver a pontinha dele coberta de neve, mas como esse vulcão é um símbolo do Japão, todo mundo queria tirar uma foto. Olha, com o trem se movendo, tirar uma foto de vulcão entre os galhos, postes, e casas foi desafio. Nenhuma das minhas fotos ficou boa, porém uma delas ficou bem curiosa. Na frente, um campinho de mini golfe, e no fundão, Mt. Fuji bem bonitão.

A única atração da cidade é o castelo. Então dá-lhe tirar foto lá. Foto de roupa de samurai, foto de ninja, foto com a ninja. Foto de tampa de bueiro, claro!

Nesse dia tiramos a primeira foto de grupo. Eu viajei sozinha para o Japão, mas por 10 dias me juntei a um grupo muito animado.

Caminhando por uma rua com casas antigas, alguém estacionou sua bicicleta com três coelhos dentro de uma cestinha.

De noite, comemos num lugar onde havia várias barraquinhas e dava para provar um pouco da comida de cada um. A foto registrou que todos na mesa receberam seu pedido mas tinham se esquecido do meu!

Nessa mesma noite voltei lá no castelo para tirar fotos dele iluminado. No caminho de volta para o hotel, um bando de passarinhos (andorinha, acho) estavam tagarelando num poste de luz. Centenas de passarinhos fazendo a maior algazarra. De noite!! Passarinho no Japão não dorme, não?

No dia seguinte, antes de zarpar, tive duas horas para queimar, porque o trem estava atrasado. Tive a oportunidade de observar algo interessante. Uns 20 japoneses vestidos de policial se reuniram com dois mascotes para tirar uma foto. Depois disso várias pessoas queriam tirar fotos dos mascotes, incluindo duas velhinhas japonesas. O policial se ofereceu para tirar a foto delas. Será que em outros países a polícia se ofereceria para tirar tua foto?

Dentro do shopping, na frente de um banco, um robô queria falar comigo. Eu olhei pra ele e os olhos dele me deu a impressão de que era uma pessoa e que ele realmente queria entrar em contato. Se ele falasse português, acho que eu teria ido lá fazer um agrado nele.

Umas das minhas últimas fotos na cidade foi da máquina de comprar passagem para o trem. Essa diaba dessa máquina não diz o nome dos destinos, mas diz o preço para chegar ao destino. Para comprar o bilhete, você tem que saber o quanto a viagem vai custar. Em cima da máquina tinha uma painel com uma foto bem bonita do trem e as estações do ano no Japão.

Localização: Saindo de Tóquio, 3 horas de trem expresso até Matsumoto.

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Hiroshima – fotos

Um dia e meio passeando em Hiroshima. Tirei tanta foto de tampa de bueiro! Era um mais lindo que a outro.

Caminhei bastante. Comecei num jardim bem bacana, onde eu fiquei por uma hora e até escrevi um post no blog de lá. Bem silencioso o lugar. Eles gostam de embrulhar as árvores.

Em seguida, cheguei no castelo de Hiroshima. Eu não ia entrar, mas como não tinha fila, acabei entrando só para subir ao último andar e tirar uma foto da vista lá de cima.

Vi um pessoal se vestindo de samurai e não resisti. Tive que colocar o capacete para crianças, porque o para adultos ficou muito grande. O que eu gostei mesmo foi do boneco de pelúcia gigante dentro do castelo.

Ao redor do castelo estava cheio de barraquinhas vendendo comida. Para não arriscar comer algo que não ia gostar, pedi frango frito e batatinha frita. O frango estava com um gosto meio estranho e minhas batatinhas se espatifaram no chão assim que me sentei no jardim. Passei um tempão coletando tudinho, porque no Japão eles são meio histéricos com limpeza. Como tudo no Japão é tão limpo, cheguei a pensar se daria para comer aquelas batatinhas mesmo tendo caído no chão do jardim, mas uma barata apareceu do nada e ela também queria as batatinhas.

Depois do frango, acabei sucumbindo ao desejo de tomar um sorvete de chá verde matcha. Gente, não tinha açúcar naquele sorvete.

Caminhando meio sem paradeiro, daqui a pouco vejo o prédio da bomba atômica. Uma multidão de adolescentes vestindo uniforme visitando o monumento. Gostei de ver eles sempre prestando atenção na explicação da professora.

De noite resolvi tirar fotos da cidade iluminada. Tinha lua cheia.

Na frente dos restaurantes, muitos colocam amostras (em plástico, acho) das comidas do cardápio. Ao lado do meu hotel tinha um restaurante servindo (julgando pela vitrine) pernas gigantes de caranguejo.

Foi em Hiroshima que eu encontrei minha correspondente e antes de ela ir embora, ela me levou para comer sushi de esteira. Eu achei estranho que na esteira não tinha sushi, mas só fotos de sushi.

Ela me explicou que teve um youtuber que ia nos sushi, lambia os pratos e os colocava de volta na esteira. Acho que chamaram a polícia para ele. Por causa desse incidente, não colocam mais sushi na esteira. Tinha que pedir no tablet.

Ainda bem que eles colocaram um panfleto explicando tudo o que tinha no balcão, porque eu não estava entendendo nada.

No Japão os fios de luz ficam expostos. Me lembrou do Brasil. Passei por umas ruas que tinha tanto fio embolado que mais parecia uma gambiarra.

Ah, a foto dos patinhos. Era para bloquear o trânsito. Se fosse aqui, usariam uns cones feios, mas lá, é patinho!

Localização: Saí de Osaka, 2 horas de viagem até Hiroshima no trem bala. Hiroshima foi o lugar mais distante de Tóquio que eu visitei.

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